domingo, 15 de julho de 2012

Som de sanfona rouca

Som de sanfona rouca
A pouca roupa que tem está suja
Levada cafona e um chiado no fole
Nem que a vaca muja
Até que o pé esfole
Não há um tostão que se esmole
Sorriso banguelo e coração mole

O sol esquenta o chão
O chão esquenta o pé

No bucho não tem novidade
Meio de água meio de farelo
Rango singelo temperado com a fome
Sem que a vida fuja
Caroço que se aflore
Saudade de sua senhora e um gole seco
Da sua mãe lembra do rosto
De seu pai só sabe o nome

Ajunta palma mão
A mão esquenta a fé

Em vista tão seca quanto céu
Tão fria quanto nem sabe o que
Uma gota teme por cair


André

2 comentários:

Valsa Literária disse...

Escondia o ouro né Andrezito!

Belo, belo!

disse...

Muito bom. Eu enxergo (ou escuto) uma música...

ps: o final é duca... Duvidosa é a dúvida...