terça-feira, 31 de julho de 2012

Da boca pra dentro

O gosto do café ecoa na memória da língua. 
O som da cerveja ensurdece a paranoia da sede.

O primeiro gole é sempre inauguração,
mas a cada gole encorpam e se misturam 
mais e mais, gostos sonoros, sons gustativos.

E é debaixo de minha debochada língua, 
estendida como um lençol de aconchego,
que os gostos de café e cerveja namoram,
como se nada existisse da boca pra fora. 

PROÊMIO (TRICENTÉSIMA PUBLICAÇÃO)

Para meu amigo e incentivador poético de agora e sempre Leandro Henrique, valeu amigo por me ensinar que podia escrever!


Ah! A poesia átimo do poeta

Expande-se feito uma estrela

Que espia, brilha e evidencia

Traduz em versos, urdidos o

Desejo corpuscular da matéria

Matéria-prima, primazia, dona

Essa palavra pura atmosfera

Respira magia, toca ao som

Das veias entoadas, e baila

Baila, minha Valsa Literária

Desalinha todos pensamentos

Em pores-do-sol apaixonados

Sem mais medo do prazer, quer

“Ad libitum” quer “carpe diem”

A poesia surda e cega, criança

Ah! A poesia ensina-me a viver!

sábado, 28 de julho de 2012

Retrato imaginado do sedento (FR)




Caricatura por André Aguirra

Fábio Coberto de Razão

Ele cogitou morar na Antártida só pra gelar a cerveja mais rápido.

Mas ficou com medo da cerveja que há em seu sangue congelar e desistiu.

Ilha para ele é uma porção de frango a passarinho cercada de brejas por todos os lados.

Sendo assim, toda noite ele embarca um sonho e, naufragando na diária vida, sempre encontra uma ilha.

Na areia de sua ilha há coqueiros. Para amenizar a ressaca do mar. 

E para amenizar a sobriedade, um mergulho.

Tudo isso é sonho demais para tão pouco Fábio, mas vejam que beleza a piscina que André idealizou para ele!

(continua na próxima publicação)

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Rebelde por consentimento

Fábio só usa cabeleira comprida e bagunçada porque sua mamadeixa.


FIM DE NOITE

A noitada foi boa na terra da garoa. Carlos Barbosa, bastante envergado como fora um arco preso por uma corda flexível, forte e inexistente entre a cabeça e os pés, derrama humildades tentando se livrar de fazer poemas, porque Leandro Henrique, gesticulando e gingando feito um capoeirista em câmera lenta, jorra a sua verve tentando convencer o amigo a assim descrever sua biografia, enquanto André Aguirra, pitando um cachimbo imaginário, planta as nadadeiras - quero dizer -, os pés no chão e assim fica fincado tal um poste robótico somente virando lenta, lenta, lentamente a parte superior do corpo que gira em fuso horário desconhecido para participar da conversa, mas sempre escondendo o ouro que será transformado em arte nos Poemas Brabos. Fábio Roberto, do alto da sua experiência barística, encontra apoio para mente e corpo se divertirem e descansarem ao mesmo tempo, encostado em um orelhão e na mesinha estrategicamente ali postada pela divina providência, fruto de anos doando pequenos goles ao Santo, para comentar e apimentar os acalorados debates que só se resfriam com a décima primeira saidera, ou mais. O assunto Jairo esgotou-se, assim como os clientes do Batista que já lavou do bar o chão, as paredes, o balcão, a cozinha toda com suas panelas, o teto e a alma. O papo nasce e renasce espontaneamente, células multiplicando-se ora fractalmente, ora parecendo desordenadas, mas é impressionante como há organização nesse caos. A porta do Bar se fecha, mas nunca as esperanças de mais uns goles que chegam através das latinhas de cerva gentilmente ofertadas pelo último garçom que apressado se despede sem cerimônia. E os quatro/quintos percebem que é o fim da noitada. É hora das últimas combinações que irão esquecer no dobrar da primeira esquina. Não vão embora sem antes devolverem ao planeta um pouco do que foi a noite, então urinam no meio fio. E seguem as urinas límpidas e douradas de cerveja carregando os papos, sonhos, revoluções, poemas e canções rumo ao dia que nascerá. Um uivo se escuta lá nos montes. Não há garoa.

faroberto

Entrevista (ou melhor: entreolhada) [melhor ainda: entrelida]

— Qual sua meta de vida?

— É ter uma meta de vida.

— E depois, afinal, qual seria a meta? 

— Ter uma met|ade vida.

— Você metade/zendo que não tem meta?
 
— De morte eu tenho. Que é alcançar a vida de novo, se é que me entende.

— Está dizendo que acredita em vida a pós?

— Do vieste, ao voltarás.

— Quais seus lemas?
  
— 'Lê, mas entende.'
  
— Qual é sua meta, fora a de morte?
 
— A metáfora, de não existir, um dia, ser uma coisa sem ser.

— Seriam tais pensamentos suicidas?

— Sui-generis, digo eu.
  
— Qual seu gênero preferido?

— O generoso.
   
— E o pós-ferido?
 
— O gênero de que menos gosto é o masculino.
  
— Alguma frase de efeito para fechar?

— Uso sempre uma frase para as visitas. 'Volte sempre. Para de-onde-veio.' 

— Ambíguo. É uma espécie de 'vá para a puta que te pariu'?

— Se a caraputa servir.

(Entrevista feita para o jornal Ôlha, concorrente principal dos monopólios 'a Folha' e 'a Veja'. O entrevistado era o cara mais desconhecido do mundo nos anos 1970 e por esse mérito acabou ficando famoso. Mas logo caiu em ocaso, pois ao ficar famoso perdeu o único mérito que tinha. Agora que ele voltou a ser o mais desconhecido do mundo preferimos não citar nomes para não manchar sua reputação anônima.)

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Galileus

Não se pode o escultor esculpir 
Sem pedra e sem ferramentas
Tenalha nunca iria colidir
Onde dura colidiram outras tantas

Rabiscos convertidos em amigos meus
Palavras ditas por outro lábio
Grato sempre aos galileus
Jairo, Carlos, Leandro e Fábio

André

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Pirâmide

Temos, e nem sabíamos,
no Brasil uma pirâmide.
Esconde, pois roubaríamos,
muito ouro num baú grande.

Esse baú, quase um sarcófago
cheio de senhas e códigos,
segredos em hieróglifos,
protege talentos pródigos.   

E isso é somente o prólogo?
Quanta coisa há futura!?
Há pouco o arqueólogo
escavou uma caricatura...

Não há faraós, nem tumba,
há somente muito ouro.
E que o arqueólogo se incumba
de o manter duradouro.

Temos pirâmide, pois é,
e nem sabíamos... desaforo!
Culpa desse tal de André
a regular tanto tempo o ouro!

terça-feira, 24 de julho de 2012

O retrato falado do silêncio



A assinatura do poeta sem inspiração:


_____________________________________


Um eletrocardiograma.



(caricatura by André Aguirra)

segunda-feira, 23 de julho de 2012

PEDINTE

Solitária régua sem compasso,
incapaz de desenhar a curva.
Rio morto aguardando chuva.
A marcha que perdeu o passo.

Palavras numa boca muda.
Estória nunca terminada.
Terra livre, fértil e não lavrada.
Mãos ágeis que o vazio saúda

Coração novo e enferrujado.
A vida ausente de esperança.
Um mundo frio e inabitado

e mesmo assim na esquina dança,
memória de céu estrelado:
carrega o olhar de uma criança.


faroberto

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Medo: mudez: medusa

Provocar Jairo é horrível
como assistir a Globo.
É como bater no impassível
rosto de um João-bobo.

Provocar Jairo é igual
beber cerveja choca.
Pobre de quem, afinal
ainda assim o provoca.

Jairo em mudez perpétua
viu medusa e virou pedra
a sair por nossa uretra.

De mim, por essa estátua,
não mais sequer uma letra!
Tudo mais será eticétra.

Jairo está em posição fetal

À maneira de um feto
Jairo evita os adúlteros.
Por nove meses quieto
prometeu ficar no útero.

De vez em quando chuta
de vez em quando mexe,
mas só sai dessa gruta
para entrar numa creche.

Como um feto só escuta.
Não vê, apenas sonha.
Não fala, só refuta.
Não luta, se envergonha.

Cabeça lacto-branca,
cor de leite ou de esperma.
Numa maca se estanca
sua matraca enferma.

Jairo talvez do sal
da placenta se nutra.
Só posição fetal!
Renegou kama-sutra.

Quem sabe ele nasce
no próximo verão.
E tudo isso não passe
de homenagem ao Simão.

RASGANDO O CONTRATO

Cansei de defender o ilustre réu
Tirei coelhos da cartola e do chapéu
Gastei os meus melhores argumentos
Tentando evitar mais sofrimentos

Analisei as folhas do processo
Sabendo o quanto Jairo está possesso
Orientei palavras, olhos, gestos
Mostrando ao júri ataques indigestos

Se pelo menos fosse ele um soníloquo
Tentei até tornar-me um ventríloquo
Eu sei que fiz sagrado juramento
Mas o cara fala nem em pagamento

Portanto aqui registro este distrato
Procure um advogado bem barato
Ou suba os degraus do cadafalso
Palavras de epitáfio em seu encalço

faroberto

TRAVÉS


Tantas defesas ao

Amigo Jairo que

Pensei mais essa

Desnecessária seria

No entanto diante

Do homem calado

Redundante mudo

Silêncio do corajoso

O Pai fresco do ano

Não posso eu deixar

De em versos citar

Desonestos e pobres

Que o tal moço não

Medo tem de poesia

Para ele é só alegria

Ver a pena em bomba

Girar, dos coitados e

Descamisados poetas

Cujas rimas ricas, odes

Perplexas, e as líricas

Desconexas e ora sutis

Só fazem o mocetão rir

Esse tal moço só vigia

Não medo tem da poesia

Para ele é pura alegria!


ALEGAÇÃO


Jairo não está nada dislexo
Segundo análise do geriatra
Sofre de fortes complexos
De culpa e perseguição
Tratamento para psiquiatra

Nenhum curandeiro deu jeito
Rábulas recusaram-lhe a causa
Escrever versos ele não tem peito
Vivendo em total abstração
Inclusive saiu de casa sem a calça

Eu não vou desistir, acredito no amigo
Solitário, perdido, feito um’ alma indigente
Emoções calejadas em busca de abrigo
Um instrumento que requer afinação:
no tribunal alegarei que ele está doente!

faroberto

Inverno literário

Como numa seca literária
Jairo recolhe as palavras para enfrentar mais um inverno
Esconde embaixo da cama, não confia em pessoas de terno
Tranca retranca põe senha e embaralha

Esconde em senha tão complexa
Que ao tentar lembrar fica confuso
Com avançada idade dislexa
Parece um tanto quanto luso

Jairo pensa em ficar rico
Não de dinheiro, mas de palavras
Mas está confuso, pagando mico
Esclarecendo tu desencalhas

Dinheiro se junta guardando tostão
Palavra se junta gastando em vão


André

Migra, André!

Afirmam os biólogos que no inverno as focas migram para uma região tropical cujo clima mais caliente induz a um certo romantismo fisiológico que acaba por estimular suas necessidades de procriação.

(coincidência ou não, André está indo para a Bahia...)

No longo percurso as focas cruzam com os mais diversos tipos de fenômenos: embarcações, garrafas pet, sacolinhas plásticas, piratas, surfistas, advogados náufragos, animais marinhos etc.

(consta que André relata ter visto um advogado náufrago recentemente)

Focas não se locomovem bem em terra sendo assim presas fáceis de ursos.

(Não por acaso André tem alergia a pelúcias)

Dizem que as focas não têm orelhas.

(é de André a famosa frase: 'Van Gogh queria ser uma foca'.)

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Náufrago

Chegou como maltratado
Aos cacos, esfarrapado
Diz que é fulo palavreado
Até hoje está calado

Por entre as pernas põe o rabo
Como um cão sarnento abandonado
Com o osso roído  já acabado
Temeroso experimenta um nabo

Como chegou desse lado?
Será que veio a nado?
Não tem jeito, está ilhado
Pobre náufrago advogado


André

Vida

Tempo faz cabo-de-guerra.
Criança faz força e puxa
para passar logo. Trouxa...
Melhor é se tudo emperra.

Quando vê vai do outro lado

e faz a força contrária 
para passar menos. Otária...
Já está tudo consumado.

Que brincadeira sem graça
essa que as horas promovem;
cabo-de-guerra é trapaça.

Eu sou bem mais estratégico:
com a vida, linda jovem,
prefiro brincar de médico...

Costas quentes

Nesses tempos frios é sabido que, por ser advogado bem relacionado, Neto tem as costas quentes. Culpa desses falsos colegas que o maltratam pela frente e o abraçam pelas costas.

Transferência momentânea de alvo

Jairo suspira um que-alívio...
Bufando um ah! e três ufas!
Só quer evitar convívio
Não quer escrever bulhufas
Tampouco queimar fusível
Ou descalçar as pantufas.
Jairo, doce perecível
Cheira a vencidas trufas. 

É que chegou presa nova
De coragem gigantesca
Que põe a teste e à prova
Sua palavra burlesca
Vai cavar a própria cova?
Vai fisgar anzol de pesca?
E a turma saliva e aprova:
'Oba, chegou carne fresca!'



ps: poema de boas-vindas ao Neto, carne-fresca do Poemas Brabos!

Proverbium

Pimentabilis anus outrem refrescabilis est.

"AD ARGUMENTANDUM TANTUM"



“AD REFERENDUM”
neste “JURIS TANTUM”
“TEMPUS REGIT ACTUM”
REBUS SIC STANTIBUS



“A CONTRARIO SENSU”
“A RATIONE”
“AB AMICIS HONESTA PETAMUS”
“A BONIS BONA DISCE”



“ADHUO SUB JUDICE LIST EST”
“FACERE NON DEBET QUIS ALTERI, QUOD SIBI”
“DA MIHI FACTUM, DABO TIBI JUS”
“ALEA IACTA EST”


NETO. (ps: “AB AEQUITATE VINCI, PULCHRUM ET BONUM”).

BEM VINDO, NETO

Quando o Neto tornar-se avô,
o seu nome ele mudará?
Qual nome ele usará,
vai decidir no joquempô?

O Neto tem primeiro nome?
Talvez ele tenha vergonha
de ser Epaminongas, Zé, Noronha...
ou quem sabe um mero pronome?

Deve ser feio, algum termo em latim
Deve doer como um soco no abdome
Por isso o Neto tem cara de fome,
O seu nome é de quem faz motim!

faroberto

O início(ante)

aos mestres deixo um recado
antes que sintam desgosto
desculpem minha falta de trato
e o meu vocabulário tosco


às tentativas escrevo e refaço
esse meu poema torto
já que agora perdi o cabaço
talvez eles saiam em jorro


aceito brincadeiras sem tristeza
porém não percam o foco
senão imito o Jairo
e me calo com certeza


aos brabos agradeço a oportunidade
de ler maravilhosas tranqueiras
escritas com profundidade
e lidas durante as bebedeiras.


NETO  (ps: ofereço meus serviços de advogado legítimo aos provocados, injuriados e jairos.)

Razão (do 'Poemas Brabos´)

Ninguém aqui precisa dar a última palavra. Isso não é uma competição. Aqui só precisamos dar a palavra. A última palavra é sempre do morto.

Alibido

O conceito de álibi foi inventado um dia pela libido em polvorosa de um ser monogamicamente frustrado. 

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Corredor polonês

Todo mundo encostado nas paredes aguardando o calouro passar!




ps: veteranos preparando uma recepção calorosa para o Neto, possível futuro integrante do poemas brabos, caso não mude de ideia...

OAB


O advogado

Abjurado

Resolveu

Dar o adjutório

Ao adocicado

Pai de Simão!


A DEFESA DO JAIRO

Poetas, Data Venia.

Há um aberratio ictus na imputação de crime ao silêncio do Réu, que abinitio declinou manifestar-se.
Accipiens que é o Réu, nada prova delito contra legem ou dano ex delicto.
Há culpa in eligendo a placidez? Culpa in comitendo a mansidão?
Jairo tem facultas agendi como desejar. E aos acusadores cabe o ônus probandi.
Da parte deste causídico, considera-se que Jairo tem nele a arte como res delerictae devido a labores futuros que já lhe atormentam a mente.
Não apontado claramente até o momento o meritum causae, nihil obstat sua inocência, portanto, mutatis mutandis, no pleno iure de manter cerrada a prestigiosa bocarra, reputo a continuidade dos ataques praeter legem.
In verbis, provada a ilegitimidade ad processum, solicito abolitio criminis.
Exequatur.

Causídico


faroberto

CONCRETO

MIXTURO ACIMENTÁGUAREIO.
OUÇO O CLAMOR DAS argaMASSAS.

faroberto

Variação VI

O Jairo é sempre citado entre parentes.

André

Variação V

Não há DEM que sempre dure nem mal pior que Kassab.





(Pior óbvio que há, mas, já que se refere à política, elejamos um por vez.)

Entre ásperas

Jairo nunca estará a salvo
quando citado entre aspas:
''É seu alvo cabelo um alvo
ou seria um mar de caspas?"


terça-feira, 17 de julho de 2012

Variação IV (homenagem ao Jairo)

Se a vida te der um Simão faça uma rima ousada!





(Incentivo ao Jairo, campanha para que ele se desemudeça!)

Leitura da arte da leitura*

Pirata

Fada quiçá me beija
Da cara em mal de vista
Cada mar abunda ametista
Infante ele de pisado pau

Dado como seja
Mero cuco seu engaiolado
Parte por parte devorado
Talhado vatapu ecoa gritos

Pirada


André


* Leia o poema do principio até o fim e depois do fim até o principio.
Ex: Leitura da arte / Arte da leitura

Anúncio: Jairo arranja um herói!

Jairo considera a tudo
O que escrevinha uma droga
Mesmo sendo linguarudo
Com ninguém mais dialoga

Passa o dia em seu estudo
Das mil posições do Ioga
Medita a vida sisudo
Ajoelha, chora e roga

Por alguém que, mais troncudo,
O proteja com folga
À guisa de um grande escudo
Que assim de longe se joga *

Jairo embora narigudo
Vai sair da sinagoga
É que o Fábio cabeludo
É quem agora advoga!



* À maneira do Capitão América

VARIAÇÃO III

Não há pau que sempre suba, nem mal que nunca se acabe.

VARIAÇÃO II

Melhor um verso na mão do que um Jairo calado.




Anedota jurídica


O juiz induz o réu ao juramento bíblico, ao que o réusponde:
— Desde que o júri também...
— Mas isso é um desacato!, diz o juiz.
E em marcha-réu dirige-se bêbado ao escrivão:
— Computa aí, escravão, o sr. Meretríssimo está com os olhos vendidos.
— Vendados!, corrige o escrivão.
Até a estátua simbólica e fria levantou um pouco a tarja ocular para espiar, de rabo-de-olho.  
E pela primeirúnica vez viu-se a Justiça, cadela anti-social, chorar de rir, balançando descontroladamente o rabo do olho.

Parceria Braba

Esta lançada uma brincadeira!
Será um poema ou conto ou nada em que todos têm que contribuir.
O poema é feito pelos comentários e um comentário tem que dar continuidade ao anterior (ou não).

Eu começo...

Variação

O maneta ensaboa-e-enxágua a amante.





(interpretação mais coerente do provérbio 'Uma mão lava a outra.')

domingo, 15 de julho de 2012

Som de sanfona rouca

Som de sanfona rouca
A pouca roupa que tem está suja
Levada cafona e um chiado no fole
Nem que a vaca muja
Até que o pé esfole
Não há um tostão que se esmole
Sorriso banguelo e coração mole

O sol esquenta o chão
O chão esquenta o pé

No bucho não tem novidade
Meio de água meio de farelo
Rango singelo temperado com a fome
Sem que a vida fuja
Caroço que se aflore
Saudade de sua senhora e um gole seco
Da sua mãe lembra do rosto
De seu pai só sabe o nome

Ajunta palma mão
A mão esquenta a fé

Em vista tão seca quanto céu
Tão fria quanto nem sabe o que
Uma gota teme por cair


André

sábado, 14 de julho de 2012

Agora que voltei da lua
Estou cheia de mel
Comi muita macaxeira
Regada de areia e Sol
Ninguém mais me segura
Arretada que só estou
De volta trago a poesia
Cheia de muito marulho
Poemas Brabos me aguardem...
Quero fazer muito barulho!

REINAÇÕES DO NARIZINHO *

Nosso amigo é um personagem do folclore
Vive em mundo encantado, cor de rosa
Das páginas espero que ele aflore
Passeie em poesia, conto ou prosa

Será que não cansou de aventurar
No Sítio do Censurado** Amarelo?
Será que não cansou de se aturar
Solitário em um mundo paralelo?

Quem sabe se ele fosse o Pinócchio
Participasse ativo de um colóquio
Ganharia alma de um Geppetto

Quem sabe se ele sofresse um choque
Parasse de fazer drama e nhoque
Colocaria as carnes no espeto...



*Homenagem a Monteiro Lobato
**Palavrão Censurado: "Pica-Pau"


faroberto

DITADO IMPOPULAR

Cana em gole em Jairo cabeça dura tanto bate até que depura!

faroberto
Cimão


Aqui de cima
Onde me colocaram
Encaro as contendas
Em escárnio de rimas

Aqui, bem do alto
Onde me encaram
Vejamos aonde chegam
Estes que não descem do salto

Aqui, bem no topo
Discordãncias que abundam
Na boca, já levei soco
De palavras imundas

Aqui, em cimão
Vendo o milagre acontecer
A barriga preparar
A razão, Simão

Jairo Medeiros

KAMIQUASE

Tem gente que é quase
Quase gente, quase nada
No espelho, forte e abonada
Coração e alma sem base

Tem gente que quase é
Falta um bocado de caráter
Não tem corpo, tem um cárter
Em bom senso é ralé

Tem gente que nem quase
Personalidade de ameba
Com a ignorância se amanceba
Não sabe terminar uma frase

Pra esses seres digo: jaze!
Posando de aristocrata
Sangue tipo de barata
Quer morrer e é Kamiquase

faroberto

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Epitáfio para Garrincha

Deuses driblam certo por pernas tortas.


ANDRÉ QUER REVANCHE (DA AZEITONA)

Leandro não tem dó ou piedade
Coitadinho do amigo André
Tanto anda de metrô ou a pé
Explorando as solas da humildade

Que pena desse foquinha
Precisa de acupuntura
Agulhas que não usam linha
Descansar e assistir a Cultura

Quem manda beber um refri
Gasoso na hora do almoço
E depois a todos contar: “- eu sofri!

De um poema só fiz o esboço
Deixo perdida a minha palavra free
É que da azeitona engoli o caroço."

faroberto

André vai a nocaute

André fugindo da polêmica
Pensou consigo 'agora corro.'
Sua face ficando anêmica
Pôs-se de pronto a gritar 'socorro!'

A impressão de lhe cair um raio

A cada poema que o provoca 
O fez simular até um desmaio
Depois de comer uma paçoca.

André, tão jovem, tão moço
Cá entre nós, deu de frajola
Alega passar mal no almoço
Pra mim essa desculpa não coca-cola... *


* Descrevem as circunstantes testemunhas que após tomar um inocente refrigerante Aguirra passou mal. Dizem as línguas que isso não passa de paúra...


Capa citado

Este que não foi citado
Rapidinho se perturba
Fica um tanto aperreado
Pois quer ser da braba turba. *
Já há muito tem sonhado
Fazer parte da suruba
Mas não tem participado
E por isso se conturba
Fica apenas ex-citado
E sozinho se masturba.





* Pode-se ler turba mesmo, mas a ideia é ler turma, de forma constipada.