sábado, 30 de novembro de 2013

Da série "Destinos" - Destinos III


DESTINOS III

Uma pedra não tem vida, não tem coração.
E corações de pedra, então, também não têm
vida.
Quem atira a primeira pedra não tem nem
coração de pedra, porque atira a pedra e o
coração juntos.
E sem pedra, coração e vida nunca entenderá o destino ser apenas uma metáfora.

Fábio Roberto

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Perfeição

A vida.
Ahhhh... a vida.
É inexplicável. Podemos estar no limbo e ao mesmo tempo no paraíso.

Há vida em todos os lugares.
Há lugares em todos os limbos.
Paraísos em todos os lugares.
Limbos em todos os paraísos.

Nada é perfeito. Isso não é perfeito?



Fábio Roberto

domingo, 24 de novembro de 2013

Estrutura do poema

Escrever é ócio?
Pra mim, escrever é osso.
É o que me sustenta.
E o que permanecerá 
quando eu me for.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Otimesmo

O sentido do não, ao menos no rosto (ocidental), é horizontal.
Do sim, vertical. Basta ver o rosto em que sentido pende.

Sendo assim, o sim é como um náufrago de pé em uma ilha, avistando...
cercado de nãos por todos os lados.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Happy Hour

Leandro foi ao Rio de Janeiro conhecer Copobacana


Faroberto

Niemeyer

Lina Bo Bardi pensava ter arquitetado no Masp o maior vão livre de Sampa. Aí Márcia Salomon e Leandro Henrique esculpiram o busto do Jairo, cujo nariz...


Faroberto

Tipoia

André imobilizou o braço direito, aquele que deveria ser utilizado para escrever. Mas já não estava imobilizado?

Faroberto.

God

Deus existe
Deus insiste
Deus desiste
Deus exit

Faroberto

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Vitral (foi mal)


Foi mal pela demora...
E até dia 15 de dezembro vou continuar com essa lerdeza...

Vitral


Renato Murakami
Obra apresentada na IV Mostra Artística Temática da Turma Braba.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Depressão


Cena interpretada na IV Mostra Artística Temática da Turma Braba.
Cast: Renato Murakami (mulher) e Luciana Catarina (homem).
Texto e Trilha: Renato Murakami.

sábado, 9 de novembro de 2013

O Motor


Movimenta-se lento o êmbolo
Visão turva, a imagem embola
Pele carcomida que se esfola
Fraco, cansado, trêmulo

O sangue entope a máquina
Resultando em um coágulo
Paralisando o veículo
Prostrado sobre uma isnáquia

Deslizar é passado
Foram-se cilindros e anéis
Desligaram-se painéis

Nada a ser lubrificado
Não pode ser ressuscitado
Que rezem por ele os fiéis


Fábio Roberto
Para a IV Mostra Artística Temática da Turma Braba

Tema “Êmbolo”

A Ideia Intelectual do Amor



FIQUEI MUITO TEMPO
TENTANDO ESQUECER
PASSEI QUASE ANO
CANSADO EM SOFRER
FIZ SAMBA NO MORRO
PARA ME ACOSTUMAR
MAS NADA CONTORNA O AMOR
QUE TE FAZ PENSAR

ENTÃO, NEM MESMO A POESIA
NEM A FILOSOFIA
TRAZEM IDEIA DA DOR
QUE O AMOR
ESSE ARDOR QUE ME FAZ CANTAR

COMPREI ENCICLOPEDIA
PARA ME INFORMAR
FUI AUTO-DIDATA
PASSEI ATÉ A SAMBAR
MALDITA AURORA
BARAFUNDA DOS FATOS
SÓ CAREÇO DE UM VERSO
QUE ENFIM,
TE FAÇA CHORAR.

Marili Santos e Gabriela Gabriel
Para a IV Mostra Artística da Turma Braba
Temas: Ideia e Barafunda


sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Obscenidade


Leandro Henrique e Márcia Salomon
Escultura criada para a IV Mostra Artística Temática da Turma Braba.

O Lado Escuro da Lua


Quando aqui é dia lá é noite.
Percebi que lá o silêncio é o bem mais precioso e a introspecção e a solidão se fazem reinar.
Como ser feliz assim?
Solidão é o sozinho. Felicidade é o com e o junto (conjunto), é ter a companhia de um companheiro para juntos terem um consenso da vida, é ter o calor do contato.
Sou feliz por perceber que apesar do meu sangue pertencer ao lado escuro da lua, minha essência é do lado claro.
Mas sempre me faz recordar que só conhece a luz quem presenciou o escuro.

Celi Hirashima

Para a IV Mostra Artística Temática da Turma Braba

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Canto Só


Um passarinho, tadinho,
Canta sozinho
Chama em vão
Pia por sua parceira
Antes ligeira
Hoje no chão

Esbanja libertinagem
Um gato selvagem
Sem coração
Nas presas, penas e plumas
Em meio às espumas
Da trituração

Num desespero em psicose
O passarim, por osmose,
Canta ininterrupto
O gato quase o compreende
Quase até se arrepende
Vestido de luto

Mas preto em sua pelagem
É só camuflagem
Todo gato é astuto
O passarinho, tadinho,
Canta sozinho
Não para um só minuto...

Estória: Sarah Batista
Música/poema: Leandro Henrique
Temas: Libertinagem e Psicose

Para a IV Mostra Artística Temática da Turma Braba

Intimidade


Intimidade é uma coisa louca 
A gente pensa, matuta, viaja tanto. 
Mas não pode ficar abrindo por aí
vão usar contra você
ou você está se menosprezando
ou vão fazer um imenso texto no face falando o contrário
E quem não entende sua viagem? 
Vixe! Muitas vezes fui entendida mal. 
Pior é se desculpar. Ai q piora tudo.
Vida louca essa.
Tem aquela que acha a outra feia. 
Tem o outro deus do mundo. 
Tem de tudo.
Tem até eu com vergonha de tudo. 
Quis mudar. Atitude. 
talvez visu? 
Funcionando. 
Tô aprendendo, mas me liguei que quando relaxo, travo. É o portuga errado e o inglês de lado.
E essa data no calendário? Era 4, 3,
2 e nada. Até que no famoso 
karaokê molhado saiu um pensamento mais baixo. 
É... é por esse lado!
O tempo passando e eu só na prioridade. Me fazendo de autoridade. 
Agora relaxada dá pra pensar na casa do sarau. Mas um pouco só.
Tô só o pó.
Quem mandou se acostumar mal? 
Foi bem aproveitado. De um lado, um bebê aí no outro quarto. 
Sabia que ia ser assim. Mas tudo tem um fim.
Quero rir só de imaginar se alguém é como eu. 
Um pensamento de mão dada com outro. 
Acontece com quem?
Não precisa nem dizer, deixa tudo aí muito dentro da sua intimidade e coloque pra fora o que achar de melhor!

Rosana Cortez
Para a IV Mostra Artística Temática da Turma Braba

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

O Feto


Não sei por que aconteceu isso comigo. De repente uma corrida desenfreada de espermatozoides onde eu tive que bater em um, em outro, em milhões, sem imaginar que acertar o alvo era apenas uma grande sacanagem. Então sem que eu esperasse estava germinando dentro de um corpo desconhecido, estranho e descuidado. A dona desse corpo não se preocupava comigo. Não me alimentava direito, se intoxicava com drogas baratas e ainda ficava sacolejando em bailes funks. Ouvir dez vezes “levanta a bundinha”e “abre as perninhas”, feto algum merece né mermão? E eu, espremido naquela barriga cada vez mais gorda e ao mesmo tempo apertada, tinha que disputar espaço com gases fétidos porque a dona do corpo só comia merda. Eu rezava para ela soltar um peido para eu me espalhar um pouco mais naquele espaço nauseabundo. Durava apenas segundos, pois logo tudo se contraía novamente. O cordão umbilical que me irrigava só trazia veneno e sofrimento.

Subitamente discussão, briga, barulho. Quem é o pai sua filha da puta, vagabunda, safada? - perguntou uma voz grave e violenta. Vai se ferrar seu corno, banana, trouxa - respondeu a voz esganiçada do corpo que eu habitava. Uma pancada forte me fez sacolejar dentro daquele receptáculo desprotegido e em seguida mais porradas, bordoadas, chutes. Facadas.
Fiquei tonto e cego quando uma hemorragia interna no corpo da besta que aconteceria minha mãe quase me afogou. Sirene de polícia, gritos, tiros. Sirene de ambulância, maca, correria. Uma agulha enorme com anestesia desfaleceu a anta anti-maternal, mas não me fez efeito algum. Apesar da intensa dor a minha alma machucada estava totalmente consciente. A ponto de eu ouvir gente falando... “vamos ter que abortar”. Demorou um tempo para eu saber que era a mim que se referiam. Descobri mesmo, assim que alguns instrumentos me dilaceraram rompendo carne e espírito, cortando finalmente os tênues laços que me ligavam a este mundo podre.

Que sorte. Pra mim, nascer seria um equívoco.

Fábio Roberto

Para a IV Mostra Artística Temática da Turma Braba

Tema: Equívoco

Pródromos


Cena interpretada na IV Mostra Artística Temática da Turma Braba
Texto: Leandro Henrique
Cast: Marili Santos (paciente) e Leandro Henrique (médico)

Profundidade


Performance de Enrique Gabriel na IV Mostra Artística Temática da Turma Braba

terça-feira, 5 de novembro de 2013

A Quase Morte do Zé Malandro


Conto Interpretado por Luciana Catarina na IV Mostra Artística Temática da Turma Braba
Autor: Ricardo Azevedo

Tema: Morte

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 P R O N U N C I O
    R E N U N C I O
        E N U N C I O
           N Ú N C I O
                 Ó C I O
                     C I O
                     C I O
                     C I O...

                                   SILENCIO!


Marili Santos
(Para a IV Mostra Artística Temática da Turma Braba)
Tema: Núncio

Comércio entomológico

Hoje fui atacado por moscas de varejo.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Relíquia


O que tenho de valor
Cabe na palma da mão
Mas não se pode tocar
Não há como dividir

Raridade bicolor
Preciosa equação
Um mais um virou um par
na razão pra existir

Quis o destino dizer-me um sim
Quis um bom deus me abençoar
Francisco e Lourdes me deram seu lar
Tesouro eterno, imensurável, que trago em mim


Fábio Roberto

(Para a IV Mostra Artística Temática da Turma Braba e em homenagem aos meus pais)

Casas


Caroline Barbosa
(Para a IV Mostra Artística Temática da Turma Braba)
Com Leandro Henrique ao violão em João e Maria ( Sivuca e C. Buarque) e Bachianinha (P.Nogueira)

Biscate


Se manca! Não vou ser muito prolixo.
Viver de biscate, galho, freelance?
Tô fora! Isola! Nem a pau! Sem chance!
Quero é cargo público, emprego fixo.

Fixo que nem Jesus no crucifixo.
Ou como fixo o olhar de quem romance.
Fixo como um cadáver que descanse.
Como um aparelho que aos dentes afixo.

Não me venha com proposta vazia.
Eu quero é tomar banho todo dia
E não só uma vez no fim do mês.

E nem me venha com esse blábláblá!
Mon petit, mon amour, au revoir!
Eu não... quem vive de bico é francês!

Leandro Henrique
(Para a IV Mostra Artística Temática da Turma Braba)
Participação: Jairo Araujo como o Interlocutor

Coceira


Mostra Artística dá uma coisa na gente. É um formigamento na alma.
Atentos aos sinais, qualquer movimento nos alerta. Tudo se transforma, pode ser, será?
Parece que ficamos mais antenados, ligados em 220v, sonhos são praticamente reais, realidade é  muito mais suave.
Dá um nervoso de roer unhas, puxar os cabelos, andar pra lá e pra cá pensando no que fazer, no que criar, como transmitir. Há um medo e uma vontade incontrolável de se apresentar.
Frio na barriga, dor de barriga, fome, sede, tesão, vibração.
É a vida na essência da vida e a arte pura, sem compromisso que não seja com a própria arte.
Ninguém passa incólume a esses sentimentos tão intensos que resultam em prazer.
No fim tudo passa muito rápido como tudo que é eterno.
Mostra Artística dá uma coisa... Eu começo a me coçar toda sem parar.
Se a ideia não vem, coço a cabeça. Se a ideia vem, coço o papel.
Dá coceira em quase tudo, quase... Puta sacanagem! Só não deixa ninguém ficar parado, coçando o saco.
Assim é a Mostra Artística.

Márcia Salomon, Fábio Roberto e Leandro Henrique
(Para a IV Mostra Artística Temática da Turma Braba)


Obs.: fica registrada a performance da Márcia antes da apresentação, o que fez com que algumas pessoas sentissem muita coceira e outras tivessem alucinações com pulgas!

domingo, 3 de novembro de 2013

Zero


Zero pela definição do dicionário: Algarismo sem valor absoluto, nada, pessoa ou coisa sem valor...
Na história existem evidências da existência do número zero há mais de 3.700 anos...
Zero indica a presença da ausência...
Cheguei à conclusão que o zero é a verdadeira origem da angústia humana...
No momento em que criamos uma representação cujo significado é não possuir algo, criamos uma insatisfação, um incômodo, uma infelicidade, um desespero...
Criamos a forma de representar o vazio...
Será que antes de existir uma forma de registrar que não temos algo sentíamos falta das coisas que não temos?
Tento imaginar como seria a vida sem este número...
Aliás, parece que nem a ciência sabe como lidar com o zero...
Lembrei-me das aulas de matemática... Perdidas em algum lugar, nas memórias de meu passado...
Memórias não tão agradáveis das broncas da sempre zangada professora Raquel...
Acredito que como lecionava matemática, ela tinha consciência da infelicidade que é conhecer o número zero... Hoje consigo enxergar isto...
Zero não é positivo nem negativo... Zero não é um número primo tampouco um número composto... Não se pode dividir por zero... É impossível...
Pensei também no azar dos que frequentam cassinos...
Este é mais um lugar onde o zero mostra seu lado sombrio...
Os números da roleta são pretos ou vermelhos... Com exceção do zero... Que é verde...
Se todos os números são pretos ou vermelhos, porque o zero é diferente?
Além da cor diferente, o sempre onipotente zero representa o infortúnio a todos aqueles que estiverem na mesa...
Todos perdem graças ao zero...
Quanto mais eu penso neste número mais fundo eu mergulho em um mar infelicidade...
Um zero para representar cada coisa que não possuo...
Um zero para representar cada coisa que perdi...
Minha cabeça dói...
Preciso me livrar deste pensamento...
Deste peso... Desta dor...
Preciso de uma garrafa de vinho...
Vou me embriagar para esquecer deste encontro filosófico com o número zero...
Ah, se fosse assim tão simples...
Meu encontro com o número zero estava apenas começando...
Chego ao armário onde guardo minhas garrafas, ansioso por meu encontro com o anestésico que irá me levar para longe deste universo...
Que decepção...
Tenho exatamente zero garrafas de vinho...
Olho para o relógio...
00:00 horas...
A esta hora, a chance de encontrar uma loja aberta próxima a minha casa é zero...
E ainda que houvesse uma loja aberta, tenho exatamente R$ 0,00...
Como a própria representação gráfica do número zero, uma elipse, fechada... Uma vez dentro desta realidade, não há como escapar...
Maldito número zero...

EduardoMontenegro

(Para a IV Mostra Artística Temática da Turma Braba)

sábado, 2 de novembro de 2013

Torpedo



De sol o casco racha e rompe o solo seco
Lomba baixa e perna fina ágil porém
Se não se ágil de lado a pexera roça
E arrocha a vontade de correr
Pexera essa que de frente enfrenta cangaço
Que embainha cinturão famoso
Famoso é meu amo
Carrego a morte onde a boca manda
Sorte é obedecer em direção do nada

 Torpedo é forte, Torpedo aguenta

Pra direita vejo o Gatilho
Pangaré coxo da coxa
Culpada lance de foice
Não se deve nem dar coice
Gatilho logo vai, digo, foi-se

Torpedo é forte, Torpedo aguenta
           
Em mais um dia jornada nada
Buscando cabeça jurada à morte
Em alto penhasco avisto com sorte
Um cheiro carnal vindo ao sul e outro norte
Temido meu amo temida emboscada

Torpedo é rápido, Torpedo corre!

De dez jagunços gritam: Morre!
Mal criado desobedece a ordem
Esconderijo em judiado cacto
Percebe é seu todo esse sangue escorre
 Culpa o Diabo que desfez o pacto

E desse solo que em anos não se molha
Folha seca delicia um só gole
Suspiro último não se assusta com que olha
Pulmão vazio apertado feito fole

Torpedo é forte, Torpedo aguenta...


André


(Para a IV Mostra Artística Temática da Turma Braba)

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Abertura da IV Mostra Artística da Turma Braba


Cast: Renato Murakami, Márcia Salomon, Jairo Araujo e André Aguirra
Participações Especiais: Baden e Bruna
Roteiro, Produção, Filmagem, Som, Edição e Direção: Leandro Henrique e Fábio Roberto