quinta-feira, 20 de outubro de 2016

TATUAGEM

Colo no teu corpo feito poesia no papel
Feito sol no azul do céu
Sorriso que não sai da boca
Após uma noite intensa, transa louca
de paixão

Colo no teu corpo feito a lua que invade a noite,
Forte e delicadamente feito um açoite
Pra te dar prazer e nunca dor
Um passeio muito, muito além do amor
e do tesão

Colo no teu corpo e te aqueço
É tão bom que em você eu me esqueço
Então eu fico no aconchego do teu lar
Como se ele fosse a viagem do meu olhar
na imensidão...



Fábio Roberto

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

SAL

Mas quem é esse que tanto falo em romance?
Esse não sou eu, então que eu pare antes que me canse.
Eu sou um poeta maldito que as palavras no papel vomita,
feito comida deteriorada e fria de suja marmita.


A minha poesia é para ser lambida pelos cães sem donos,
aqueles que bebem as águas apodrecidas nas sarjetas,
uivando para receber réstias de luar, como gorjetas
clamadas pelos miseráveis que habitaram tronos.


O que escrevo é uma ferida purulenta que nunca cicatriza.
É um sentimento que invade. Não se doma. Não se exorciza.
Corrói por ser lava que desce fumegante a encosta,
queimando a alma numa dor tão forte e poderosa que se gosta.


Estas são as declarações de amor deste visionário insano.
O sabor da minha boca pode ser amargo, estranho, obsceno.
Nunca será doce, tampouco suave. Eu não existo ameno.
Sou o tempero mergulhado sob as ondas do oceano.



Fábio Roberto