Envelhecer é
esvaziar por dentro.
É o
emagrecer da alma.
Raiz que se
desprende da terra.
O desespero da calma.
Uma saudade
que berra.
Memória que
não mais tem centro.
Envelhecer é
o final da vela.
Um prato que
ficou vazio.
Palavras que
encerram livros.
É o leito seco
de um rio.
O ocaso do
deus Eros.
A tinta que
borrou a tela.
Envelhecer é doença de infância.
Uma dor que não tem cura.
É passar muitas vontades.
A noite quieta e escura.
É não ter as vaidades.
A sirene de uma ambulância.
Envelhecer é
apagar o farol.
Violão de
corda quebrada.
O tremor da
mão que acena.
Assistir a
morte da amada.
E é saber
que valeu à pena,
Viver cada
nascer do sol.
E é saber que valeu à pena,
Viver cada nascer do sol.
Fábio
Roberto