sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Árvore bate em automóvel num acidente inédito!

Ele estava a 100 km por hora.
Ela a 100 dias por hora estava.
Bateram – o encontro de fauno e flora – 
Um bravo ser e uma árvore brava.

O sangue e a seiva já misturados.
Pedaços de madeira e ossos.
Cabelos e folhas entrelaçados.
Do que era antes – destroços.

Horizontalmente ele vinha vindo
Verticalmente ela vindo vinha
Colidiram – era um puta dia lindo –
Um só motorista e uma árvore. Sozinha.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Herói

André é que nem o super-homem da poesia, o problema é que ele está rodeado de escriptonita.




Idiomas

O complicado é que André é fluente em línguas mortas. E o Jairo só em língua-de-sogra...


Faroberto

Interpretação

André acha que leitura é esquentar o leite.

Especialidades

O André tem leitura dinâmica, mas escrita inerte.


Faroberto

Bate Papo

Em alguns momentos André tem tanta vontade de não escrever que precisa tomar ansiolítico. Quando não faz efeito ele conversa com o Jairo.


Faroberto

Aliás...

André fica fulo quando falam que ele é um cara letrado.

Faroberto

Escatologia voluntária

Outro dia um cocozinho de André ameaçou formar uma letra! Ele deu a descarga depressa... E quase, quase lhe escapa um 'ufa'...

Cérebros

André é a amnésia da poesia. O Jairo é alzheimer mesmo...

Faroberto

Semelhança

André é igual ao nariz do Jairo. Não escreve.

Dieta

Recomendada ao André: sopa de letrinhas.

Faroberto

Mestre

Agora entendi porque André falou que tudo que (não) escreve é dedicado ao Jairo.

Faroberto

Discípulo

Agora entendi porque André falou que tudo que escreve é dedicado ao Jairo.

Faroberto

.

André é um poeta tão minimalista que só escreve o ponto final.

Faroberto

Primeiros-socorros

Cala-boca já morreu? André fez respiração boca a boca.

Respeitoso

André sempre levou a sério o minuto-de-silêncio. O problema é que a todo minuto no mundo alguém morre.

Romário diria dele

André poeta é um calado.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Mais do Menos

André está obcecado em escrever menos do que o Jairo.

Faroberto

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

A mutação

Como um mágico André plim
E vejam! uma palavra sumiu!
Logo depois, sinsalabim,
E uma outra palavra fugiu!

De repente a um poema explode,
Usando seus dotes de químico.
Eu me pergunto, como pode?
Nasceu poeta pra viver mímico?!

Nirvana de pobre (para o grevista André)

Tudo nesse mundo muda
Só você nunca varia
Tá que nem o Buda:
Com a mente vazia...


domingo, 18 de agosto de 2013

André, o pária

Lá vem André e sua disfunção literária
Prisão-de-mente, constipação verbal
Um autocensurado, pausado, pária.
Diz que a culpa é do trabalho oficial.

Suas palavras, abandonadas em sofismo,
Andam nas ruas pedindo esmola
Em cada semáforo fazendo malabarismo
Famintas, vão no beco e cheiram cola.

Lá vem André e sua atrofia literária
Coágulos de ideia, secreções do silêncio,
Pra si mesmo mente que é temporária,
Mas nem sua própria ilusão convence-o.

Lavem André num banho energético,
Oh palavras, se ainda nele crêem.
Lá vem André? Não vem.. Está caquético.
Não vem. Está morto. Não vem. Não vem...




sábado, 17 de agosto de 2013

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Vesgo (olho no berço, outro na cova...)

Se do esquecimento me livro roerão-me as traças da memória?
E os cupins filhotes mastigarão a mamadeira de minha infância?
Em decrepitude: é no que resultará de crepitar a juventude?
Será que eu, no velho, ou o velho que serei desaparecerá primeiro?
Buscarei meus netos na creche antes que eles a mim no álbum de recordações?
Passará o meu ao seu bisneto essa minha já preocupação bissecular?
O cão a cavar co'a língua minha pele quer roer-me a osteoporose?
A pele enrugar, é de o tempo querer ser água e estarmos nele imersos?
É só ao falar dela, ou a morte, embora calemos, é ainda e mais o assunto?

Eldorado

A rede balança o pensamento
oscilante de um lado pra outro lado.
Mas o mesmo e intacto sentimento
permanece em nós um eldorado.

Pergunta-se quão forte pode ser
um amor que não precisa jura ou prova.
Basta existir, saber, viver e ter.
Grão genuíno a cada dia se renova.

Delicado como o sopro de uma brisa.
Intenso como chuva benfazeja
que nos rega, limpa, acalma e batiza.

E assim, com a permissão da natureza,
nossa paixão o tempo vasto imortaliza,
admirado do tamanho da proeza.


Fábio Roberto

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Tsunami

Quem é que tem o sono se o mundo gira
E gira sem parar até em hora imprópria?
Até o corpo acorda, se levanta e pira
Após a digestão inefável de mais uma obra

Quem é que tem o sono se a vida espreita
E espreita curiosa pela hora próxima?
Até se você dorme de pijama e a peita
Após excrementar o sonho que oxida

Quem é que tem o sono se a morte ronda
E ronda serelepe a hora em que aproxima?
E se aproxima e foge e morre como onda
Após que o tsunami afogue a obra-prima


Fábio Roberto

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Brasilero-lero

Meu mano se desbrodou.
Minha irmã sisterilizou.
Meu tio se unclerou no oceano.
Meu primo, de cousinha é chef.
Santa família, americanonizou-se
Oh milagre americano!
Só eu órfão, profano, herege
Recolhido para debaixo dos tapetes da América.