quarta-feira, 27 de março de 2013

Vinte e Quatro Horas


Sempre considerei injusta a divisão dia/noite tão equilibrada. O dia tem o sol nascendo com seu calor e aconchego, a natureza parindo em cada flor que desabrocha, pássaros cantando, trabalhadores se empilhando no transporte público ou seguindo roboticamente solitários em seus automóveis. O padeiro que vai assar os nossos pães, a mãe que leva o filho ao aprendizado escolar, os cães procurando ossos por ofício, os amantes que deixam um motel, o bandido que se esconde em sombras, carroceiros catando o lixo do lixo, beijos que encontram lábios já de saudade ou lábios que se selam formalmente num até depois. Quando? Quanto?

Mas a noite tem tudo isso e os bêbados vagando, as prostitutas sem prostíbulos ou esquinas fazendo sexo com quem procura amor, o apito do guarda noturno em si bemol, pessoas uivando suas melancolias, bebês chorando serenatas, canções sendo compostas por gênios que nunca terão aplausos, a lua num céu que só poetas enxergam, estrelas que já passaram por ali, corujas procurando ninhos no cimento e passos muito mais consistentes porque o escuro é mistério, medo, dúvida e certeza.

A mulher que eu amo é dia, mas é muito mais noite. É tudo e além. É sempre um querer sem medidas, um relógio que eu queria atrasar para ter um pouco mais de alegria e adiantar para ser eterno prazer.

É injusta a divisão dia/noite tão equilibrada, porque a noite é agora e esperança, o dia é amanhã e realidade.

A gente sonha e vive muito melhor na noite que nunca acaba.


Fábio Roberto

segunda-feira, 25 de março de 2013

quinta-feira, 21 de março de 2013

Poema desesperadamente amoroso


Minha cama sem você, demoro tanto a sossegar.
Giro para um lado, viro-me, reviro e não te haver...
Cama tivesse quilometragem eu despertava noutro país,
de lá te mandava postal 'Meu bem, acabo de acordar,
mas o não te haver por perto parece-me um respirar
fora do alcance pulmonar. Tua distância, haja fôlego!' 
Mas aí você vem, eu, como estrangeiro, estou cá de visita,
passaram-se décadas o tempo que acaso eu não te veja.
Como radicado noutro país, exilado (saudade daqui,
que saudade de você!) o meu sotaque vai aos poucos
se diluindo no tanto silêncio de espanto que me beijas.
Ah como é bom estarmos! Ser, ser, sejamos, mas o estarmos...
Minha cama sem você.
Divido-me entre mim e quem eu era enquanto você.
Distribuo-me a mim do que porventura serei quando você.
E apenas consinto o agora porque, depois, você.



(Para Sarah)

segunda-feira, 18 de março de 2013

Conceitos Sexuais


Fazer sexo é divino. Não fazer é sacanagem.

Fui convidado para um menagé a trois, mas só como baião de dois.

E aquele cego que era um voyer auditivo?

Sexo é melhor do que viver.

Chifre é uma vaca de dois gumes.

Viagra é a hóstia do puteiro.

Celibato punhetas.

Em jogo de gays tem troca-troca... de camisas.

Chapéu é que gosta de por só a cabecinha.

A ninfa faz sexo oral toda hora.

Aquela puta é muito metida!

O travesti passou desta para mulher.

Se transarem sem camisinha, aids vocês.

Epitáfio de gay: já deu o que tinha que dar

Pedidos de natal:
de uma criança pobre: banquete
de um baterista: baquetas
de um tarado: boquete


Um tarado sempre está em gozo de férias.

Chifrudo não pode fazer gol de cabeça.

No futebol feminino as jogadoras não podem fugir às regras.

Faroberto

Saudade...







é um vazio cheio de amor.

Fábio Roberto

BEIJO

Vou guardar pra sempre na memória da minha alma até os momentos que não vivi ou viverei com você.

Não cabe em mim o tamanho de um sorriso.
Tenho boca curta, dentes cansados, língua silenciosa, garganta espremida.

Queria expressar ao mundo o sentimento explosivo de compartilhar um amor tão calmo e selvagem.
Queria gritar nossos sons, declamar nossas palavras derramadas do copo caído.
Beberia cada gota espalhada no chão pisado e sujo.
Deitaria no sereno, recebendo-o em meu corpo seco como se fosse o último gole do teu beijo.

O vento gelado da madrugada não consegue apagar o meu fogo, consumir a minha fome ou saciar a minha sede.
Os sonhos que são nossos sobrevoam os passos que ando.
A realidade em que acordo é um tempo que ninguém pode entender, nem mesmo eu.

Não sei quando vou sentir a dor de não te ver no espelho dos olhos, mas vou guardar pra sempre na memória da minha alma o que vivi, vivo e viverei com você.


Fábio Roberto

quarta-feira, 13 de março de 2013

Habemus Papam


A Argentina papou mais essa.

Papa Argentino: a prova de que "quanto mais se reza mais assombração aparece!”.

Alguém duvida que a próxima Miss Universo será da Argentina?

Não deixem nenhuma escola de tango/samba Argentina participar do carnaval carioca!

Para os católicos agora todos são hermanos.

E o favorito Cardeal brasileiro falou: batina trave!

Papa Argentino: pior que nem adianta reclamar com o Bispo!

Papa Argentino todo brasileiro Evita.

Música da hora: don't pray for me Argentina...

Faroberto

terça-feira, 12 de março de 2013

Se Tudo Fosse Música 27 - 31


Não haveria discussões, pois todos estariam de acordeon.

Nunca ficaria a palavra erudita por não dita.

O chão seria um solo.

Churrascos, só com palhetas.

Ninguém precisaria mandar o Lima!


Faroberto

Quinta


Às vezes dá vontade de deixar a alma hibernando para viajar com outra consciência pelos planos mais diversos. A alegria e o desespero estão se alternando numa simbiose poderosa que por momentos nem mais se diferenciam. E não adianta temer o futuro. Também não adianta desejá-lo. Parece que não há o que fazer com tanto por fazer.

Mergulho a consciência numa taça de vinho tinto e assobio sonhos.

Viver é solitário e tão completo quanto a Quinta Sinfonia de Tchaikovsky’s.

Fábio Roberto


quinta-feira, 7 de março de 2013

A Fábula dos Toilletes


 Seja chamado de  toillete, wc, banheiro, bathroom, latrinas ou simplesmente banheiro, trata-se do lugar mais democrático do mundo.
Gordas, modelos, feias, periguetes ou anãs; galãs, esqueléticos, bombados, obesos ou baixinhos; bom ou ruim, no banheiro todos se igualam, desnudam corpo e alma, despojam-se de vergonhas, orgulhos e roupas. Fitam o espelho fazendo caretas ao escovarem os dentes. Tiram as dentaduras, penteiam as madeixas, passam cremes e batons, fazem exercícios, se barbeiam. Massageiam seios, pernas, costas e egos, masturbam seus sonhos eróticos, fazem necessidades ou até coisas sem necessidade alguma. Leem, estudam, respondem emails, trabalham no lap top. E banham-se após um carinhoso ensaboar das partes íntimas ou comuns, públicas ou privadas.

Pois foi ali que tudo aconteceu: a rebeldia de uma privada pública.

Certo dia em um determinado banheiro de rodoviária daqueles com sachezinhos, sabonetinhos, toalhinhas, balinhas, remedinhos e no qual se paga alguns reais para utilizar, uma antiga privada, após assistir a propaganda eleitoral e cansada após anus e anus de lida ininterrupta enviando dejetos para a profundeza dos esgotos, revoltou-se por não ter perspectiva de uma justa aposentadoria, um descanso merecido pela valorosa labuta diária, enquanto os grandes responsáveis pelo seu excessivo trabalho locupletavam-se em seus cargos mentindo na TV.

Sonhava um mundo melhor, justo, eternamente limpo, perfumado com aroma de notas florais e verdes, fragrâncias de ar fresco, delicado e marcante.
Mas eis que o apertar do botão da descarga a despertou para a dura e mal-cheirosa realidade. As nádegas de um político em campanha nela sentaram, soltando um fétido pum. A frustração, raiva e revolta a-cu-muladas fez a privada reagir. Não exatamente pelo pum, mas sim porque político só faz merda e ganha mais do que qualquer um, pensou ela.

Foi instintivo. Reunindo todas as suas forças sugou o político bundão com tanta violência que o fez o dobrar-se ao meio, engolindo o incauto para o seu buraco negro.

Satisfeita pelo ato, deu um arroto que veio pelos canos formando borbulhas em sua água. Imediatamente pôs-se a bater o assento na estrutura de louça, divulgando a façanha que se espalhou como um viral de cabine a cabine daquele sanitário, depois para os banheiros dos prédios vizinhos e assim sucessivamente, contagiando todas as privadas da cidade, que absorveram cada político desavisado que tentou se livrar dos próprios detritos.

E eles foram tragados para depois aparecerem boiando nos rios, sendo salvos com nojo pelos bombeiros. Nenhum banheiro escapou: prédios comerciais, shoppings, restaurantes, residências, templos, assembleias, câmaras. Foi ridículo ver vereadores urinando em postes, muros, árvores e deputadas defecando em vasos, baldes, matinhos. Alguns mais pudicos, como o então prefeito Kassub, entrelaçavam as pernas para segurar ao máximo as vontades, mas não houve jeito. Cedo ou tarde fizeram nas calças ou calcinhas.

Compraram fraldas, apelaram para lenços umedecidos, ressuscitaram bidês e penicos, tudo se esgotou. Em vão, as privadas foram irredutíveis. Sem alternativa os vereadores, deputados, secretários e então prefeito Kassub renunciaram aos respectivos mandatos. Instalou-se a anarquia no município.

O povo nomeou livremente representantes para negociar os direitos das privadas com a líder revolucionária. Com tanta verba disponível as privadas conquistaram piso salarial e registro em carteira; assessores permanentes para limpeza; férias remuneradas; décimo terceiro, quarto e quinto salários; adicional por insalubridade; garantia de fundos e aposentadoria integral após quatro anos de serviços. A partir daí passou-se a respeitar a vida pública da privada.

MORAL DA ESTÓRIA:
VIVER DE MERDA SÓ FÁBRICA DE ADUBO E PRIVADA!


Ps.: escrito originalmente para a Terceira Mostra Artística Temática da Turma Braba

Fábio Roberto

quarta-feira, 6 de março de 2013

Música Infantil para São Paulo


Boy, Boy, Boy, Boy da Cara Preta,
Porque Enfiou a Cabeça na Sarjeta...

Faroberto

Se tudo fosse música... 17-26


Qualquer atitude seria de bom-tom.

Toda mulher seria um violão.

Cada buraco seria mais em contrabaixo.

Todos efetivamente levariam a vida na flauta.

Partitura seria fotografia.

Os Lares seriam Casas de Espetáculo.

A vida seria um show.

Nascimento seria lançamento de CD.

Conviver seria em harmonia.

Morte seria apenas uma pausa.


Faroberto

Duplo sentido

Os olhos do cego estão à venda?

Duas das sete-artes que quintessenciam as demais

Cinema é o movimento contrário das retinas cujo lírico niemeyerismo esculpe uma pintura musical.

Música é o design auricular das cores plásticas dançando a literatura dramática das películas.



(Feito sob o efeito embriagador da musicalidade cinematográfica de Arismar do Espírito Santo: gênio)

Felicidade


Uma das drogas mais poderosas que existe é a felicidade. Ela te contagia de tal forma que você esquece a merda em que você está. Nesse momento de alegria você até chega a ter fé. Absurdo essa esperança que amanhã será melhor. Felicidade é muito mais passageira do que a vida. Pior que isso só paixão que não tem medida. Sorriso não dura mais do que segundos e é uma eternidade.

fÁBIO rOBERTO

terça-feira, 5 de março de 2013

Se tudo fosse música 10 - 16

Ter dó não seria ruim.

Água tônica seria indicada para acordar pessoas dominantes na terça.

Não existiria amigo, só batuta.

Arroz com salsa seria outra coisa.

A vida seria um bounce.

Marcapasso seria metrônomo.

Contratempos seriam bem vindos.


André

segunda-feira, 4 de março de 2013

Se tudo fosse música 3 a 9

Eu seria milionário porque sou cheio de cifras e notas.

Feriado seria apenas uma semínima. Feriado prolongado seria uma sinfonia de John Cage.

Eu sou tão azarado que se tudo fosse música eu seria surdo.

Em terra de surdo ninguém sabe o que é que houve.

A tromba do elefante seria mesmo um trombone e suas presas de marfim já uma escala natural.

Álcool seria o grande culpado pelos sustenidos e bemóis no feriado de carnaval.  

A clave nasceu para todos.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Perguntelha

Surdo pode ser aluno-ouvinte?

Faroberto

Se tudo fosse música... (2)

peça quebrada teria concerto.

Faroberto

PROBLEMA 4 - 8


Matemático vê problema em tudo.

O maior problema é não entender o enunciado.

Você deve encarar o problema de frente, a não ser dor nas costas.

O cara nasceu tão problemático que foi batizado de Incógnita.

Às vezes a solução de um problema está na cara: cirurgia plástica.

Faroberto

Se tudo fosse música

Uma semana com quarta não precisaria de terça.

André

Tecnologia 12 / Medicina 43

- Antivirus de mouse é ratoeira?

André

Problema 1 - 3

- Problema é que nem onda, quando você atravessa vem outro e te dá um caldo.
- Problema é que nem mosca, você mata e vem trinta pro enterro.
- Problema é que nem bolo do Murakami, já é grande o suficiente, mas sempre cresce.

André