segunda-feira, 31 de julho de 2017

Rio



Dentro de mim passa um rio de palavras
As coloco na ordem que quero
Para transformar meu dia em paraíso

Para fazer o tempo parar quando te vejo
Para trazer o sol nos dias de solidão
Para fazer um caminho mais curto para te encontrar

E a lua se faz branca e intensa na minha boca
Para tanto, tanto, tantas vezes estar contigo
Mãos dadas na beira mar das lágrimas que derramei

Que o passado me deixou de herança
O presente secou

E o futuro fará o tempo quente ser eterno

Jairo Medeiros

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Do Livro de Textos e Crônicas - ÓCULOS ESCUROS

Vim com somente meus dois “olhos cor de mel” e alguma fotofobia para a claridade mundana deste planeta. Hoje eu os tenho juntamente com apenas meus tênis furados, de quem tanto gosto. Assim como amei todos os anteriores, que foram se desgastando aos poucos por tanto uso. A gente não consegue viver sem nossos tênis companheiros e insiste, insiste em tê-los até quando furam, rasgam, se desintegram... Então a gente sofre, mas os abandona e adquire novos tênis que ficarão velhos também.

Será que amar é assim? Feito um par de tênis que se ajusta aos nossos pés e depois se desintegra? O amor vai se moldando ao nosso corpo inteiro, invade, domina, toma tudo. Fica gostoso, aconchegante, perfeito. Torna-se uma nossa extensão, nos completa. Não se imagina a vida sem ele. Ele passa do sangue para a alma. Passamos a ser um só. Corpo, pés, alma, sorriso, lágrimas.
Amor é compartilhar tudo. Tal qual com o nosso velho par de tênis, não damos mais um passo sem. Até que ele nos enxerga como a um sapato velho e rasgado e nos deixa num canto sem pés, sem amor, vazios.

Será que a vida é assim? Feito um par de tênis e o amor, que se moldam a nós e depois se desintegram?

Nosso corpo vai se adaptando a cada fase do tempo, enquanto desenvolvemos o intelecto, a sensibilidade e todas as variáveis que compõe um ser humano. Aprendemos a valorizar cada respirar e nossas conquistas, até os tênis e os amores.
Crescemos com nossas famílias, realizamos alguns sonhos e continuamos desejando realizar todos os sonhos impossíveis. Até que o esqueleto reclama a sua idade. Mas como não se troca esqueletos, a alma busca novos ossos, pois que os velhos se desintegraram.

Vim com meus olhos cor de mel e tudo foi ficando mais claro, a ponto da minha fotofobia se tornar tão intensa que os olhos do meu coração estão se fechando. Nunca mais vou usar tênis. Nem vou amar novamente. Tampouco terei outra vida.

Não há mais óculos que escureçam tudo o que vejo, sei e sinto claramente.


Fábio Roberto

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Velho Mundo Novo

Pessoas idosas cuidam de suas casas
Com um pincel
Cobrem, delicadamente, aquela ferrugem ressurgênte 
Soldam o portão quebrado 
Podam suas plantas

Os casais se apoiam e aposentam suas bengalas 
A ajuda é mútua e o cuidado eterno 

É fim de tarde
Cheiro de vinho
Azeite 

Pro Sol não entrar nas casas
O toldo é natural
Feito de oliveiras 

O ar é de calmaria
Não há o que ter pressa
O que Temer
Olhem essas casas
Castelos medievais

Em meio a antiquarias 
Casas restauradas
Há mente aberta ao novo 
Outros mentem pro povo 
O novo e o velho acontecem ao mesmo tempo 

É tudo tão clássico 
O sino toca nas catedrais  
Há anúncios nos shoppings  
O cheiro de brechó invade o ar

Caminho nessas ruas ancestrais 
observo o chão de pedra:
"Quantos homens já não devem ter pisado nesse mesmo local?"

Enquanto isso no meu Brasil, feito terra, minha terra!!
Passavam tantos animais...

Jabuti
Jararaca
Jacaré 
Jaguatirica

Avenida perto de casa é Jaguaré 
Meu pai mora na Jabaquara 
Visitamos o Pico do Jaraguá

O povo aqui acha gozado tais nomes 
Eu invejo e admiro 
A calmaria portuguesa 
Mas tenho saudade e respeito 
A minha essência brasileira

Ramo da Árvore



E cada história ficará pra sempre

Enquanto alguém lembrar do homem

Aquele com ou sem raízes

Os sonhos são sombras

Não existem sem mim

Diferente e ainda igual a  sombra da árvore seca

quarta-feira, 26 de julho de 2017

BEM DITO

nesta madrugada, amanhã de manhã, de tarde, na próxima noite ou em outra vida, estarei em estado contemplativo e introspectivo meditando profundamente sobre 

nada..........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................tudo

e se a ausência de paixão seria a não existência ou se a existência seria o pulsar etéreo do coração que sonhou viver uma paixão que nem sonhada poderia ser, então tampouco poderia ser vivida e assim não sendo verossímil em vida e sonho, como pode essa paixão ter sido poderosamente sentida, ter existido e ter morrido?

Não encontro resposta. Esqueceu-me a pergunta.
Nem som, nem sou, nem soul.
Maldito. Medito. Me dito.

Fábio Roberto
Fim das Meditações 

terça-feira, 25 de julho de 2017

INFINDO


INFINDO

Meus versos mais recentes
São feitos pra mexer comigo e com você

Falo direto contigo
Não é sem querer

Versos de amor sincero
Sem explicação

Sem ilusão
Enquanto você quiser

Eu quero
Amar a noite inteira sem parar

Fica  comigo
Fico inteira contigo

Enquanto houver amor
Não larga minha mão

Quero você bem perto
Coração e alma

Amor total, completo
Se você quer
Eu quero
Patricia Justino
Enviado por Patricia Justino em 16/07/2017
http://www.recantodasletras.com.br/poesiasdeamor/6055692

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Do Livro dos Destinos - IMAGINAÇÃO

Voar era só para os pássaros até o homem
dar asas à imaginação.
Se os pássaros derem imaginação às asas,
os homens os alcançarão?
Fábio Roberto

sábado, 22 de julho de 2017

Do Livro dos Destinos - ÁRVORE

Uma árvore seca, sem folhas, é sombra da sombra que fazia.

Mas a sombra da árvore não é a árvore, não existe sem ela, não tem raízes.

Uma árvore seca continuará sendo uma árvore até morrer, como um homem velho, árvore seca, sombra da sombra, terá sempre a raiz fincada em sua estória de homem.


Fábio Roberto

sábado, 15 de julho de 2017

Do Livro dos Destinos

PAPEL
Preocupa-se muito um papel antes de nascer.
Que papel ele terá no mundo?
Papel de embrulho, para escrever ou desenhar?
Causará boa impressão ou fará um papelão?
Será ele uma pasta, notícias de jornal ou decoração de uma parede?
Oh missão ingrata, se com tantas possibilidades for chamado de higiênico para viver na merda!


Fábio Roberto

sexta-feira, 14 de julho de 2017

SOBRE A MESA...

Tinha uma torta,
era doce,
era meta,
sobre a mesa...
Doce que não se toca,
porque se prova
antes mesmo dos lábios abrirem,
antes mesmo de fazê-la...
Torta como esses versos,
Reta como as indiretas
que por vezes seguem um mapa,
peculiar,
lunar,
morrendo no mar!...

quinta-feira, 13 de julho de 2017

AMOR À PRIMEIRA VISTA

Resolvi encontrá-la amanhã.
A minha namorada, uma mulher especial.
E eu vou me apaixonar por ela instantaneamente.
Em minutos escreverei três livros de poemas
a ela dedicados. E serão compostas por mim,
em menos de meia hora, uma centena de músicas
inspiradas por essa Musa. Ela, com seu jeito
ora tímido ora maroto, conquistará o meu coração
com tanta força que a pedirei em casamento
amanhã mesmo. Com um sorriso resplandecente,
amanhã ela dirá sim. Amanhã nos enlaçaremos
e vamos nos amar tão intensamente que geraremos
nossos filhos, que ainda amanhã crescerão belos
e saudáveis. Nós seremos eternamente companheiros amanhã. Envelheceremos juntos vivendo esse dia de forma violentamente verdadeira. O tempo não terá para nós nenhum sentido.
Não nos fará falta, nem nos sobrará.
Só nos importará o dia de amanhã.
Não anos atrás, que nem existiram. Não ontem,
quando não existimos realmente porque nosso amor
não existia.
Renasceremos amanhã com o nosso amor.
Sem pressa. Sem passado. Sem futuro.
Um amanhã que nunca acabará e deixará o depois de amanhã
sem ter o que fazer, estático, num perpétuo aguardar sem nem poder admirar o nosso amor que nunca terá acontecido ontem.
Por ter nascido e vivido dessa forma impossível, invejada, platônica, onírica, romântica, perfeita, loucamente apaixonada, utópica, lírica, mágica, totalmente e somente amanhã.
          

Fábio Roberto

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Uma

Eu bebo muito. Falo exacerbadamente. Emudeço eternidades. Ninguém me alcança. Mas você canta e eu me ultrapasso.  Faço músicas compulsivamente. Tenho tesão de tarado. Escrevo insanamente. Bebo muito. Tenho pique pra 24 horas de papos ou trabalhos. Mas não tenho 24 horas. Sou um segundo.  Tenho ansiedade. E mantenho a calma porque morri a pressa.  Não tenho ódio. Apenas sou revoltado com este mundo medíocre. Bebo pouco pelo que tenho de sede. Vivo pouco pelo que tenho vontade de viver. Sonho muito pelo que tenho de vida. Bebo bastante. Tenho sede que não passa. Tenho fome de canibal. Animal. Uivo e sou gente.  Eu sou ninguém.  Sou tudo. Sou mais intenso que fogo. Fico de fogo, mas sóbrio. Sóbrio eu enlouqueço. Sou além de nada. Eu amo. Eu te amo. E amei além de paixão. Amor. Amorte. Eu me queimo e quem chega perto queimo violentamente. Mente. Minto. Eu sou todo verdade. Tem mulher que acendi e vai ferver eternamente. Tem mulher que me apaguei. Nenhuma me apagou. Bebo muito. E te beberei toda.  Você ta chegando agora. Muito prazer, este sou eu. Saiba. Eu te desejo tanto que vou fazer mais uma canção de amor. Só prá você.


Fábio Roberto

quarta-feira, 5 de julho de 2017

FOCA EM FOCO

André pare de ciúme
O Jairo é todinho teu
Pode produzir um filme
Que ele será o teu Romeu

E você fará a Julieta
Certamente com maestria
Cena nua não será feita
Senão mostrará estria

Louvo brilhante volta
A esta nossa brincadeira
De poetas sem escolta
Só com palavra ligeira

Escrevo neste poema:
Leve o teu Romeu pra cama
Lotarão qualquer cinema
Finalmente terás fama!

Faroberto





Safabio

Caro amigo, amigo Fábio que saudades tenho disso 
Admito fiquei longe, tô voltando, sinto falta 
Verso ao vento sem frescura, sem pudor, sem compromisso
Tenho só ninado baby, mamadeira ou troca fralda.  

Sei amigo, sente muito, que saudades  também
De apanhar de versos longos, todo dia, feito safa 
A alcateia sem um rumo, vira farra, não convém 
Paciência, tenha calma, tá voltando o macho alfa 

Agora tem um fato que incomoda sua fama
Você e amigo Jairo, eu pergunto, não me engana 
Quem é nesse romance o cavalheiro e quem é a dama? 

André 

terça-feira, 4 de julho de 2017

PROCURA-SE UM POETA


Atendia na alcunha de Foca
Às vezes o chamavam de André
Era um tal de Poeta da Mooca
Bom de palavras, churras e mé

Hoje só pensa em fraldas
De pano, plástico, papel
Em branco ficaram laudas
Na cabeça só cabe chapéu

Talvez um dia ele volte
A ser o que seria se quisesse
Talvez a inspiração solte
Quem sabe redija uma tese

Vou fazer a minha parte
Provocando os brios da fera
Quem sabe se lembre que arte
É fundamental pra atmosfera

Mas se preferir preguiça
Rasgar versos, quebrar viola
A gente reza uma missa:
vai ver que virou boiola!


Fábio Roberto

QUERER


Quero morrer
Agora
Neste instante
Neste momento em que estou respirando este ar
Tão saudável
E pútrido
E mal cheiroso
E perfumado
De mundo

Quero morrer
Agora
Antes que você fale palavra
Qual seja a palavra ou sentimento quero morrer

É uma dor insuportável quando eu me sinto feliz!


Fábio Roberto

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Te amo


Nunca pensei em falar Isto, mas te amo
Amo você por causa da distância,
Tanto de tempo quanto geográfica
Te amo por que te amo
Como hoje fosse meu último dia neste planeta
Te amo pois te amo
Nos sorrisos e nas horas em telefonemas
Te amo por te amar mesmo
Natural como respirar, como nascer ou  morrer
Acho que nunca amei ninguém na verdade
Na essência que sinto agora
Na tua presença em meus sonhos
Num perfume que ainda não senti
Te amo por que te amo.
Te amo pois nunca amei ninguém.
E agora
Te amo


Jairo 2017 

domingo, 2 de julho de 2017

UM PARECER DO TEMPO

Conversando com o Fábio em 2012, eis que surge a dúvida: "o que você vai fazer da vida Bia?". E eu respondo, segundo a boa memória do Fábio: "não sei ainda, estou na dúvida se faço exatas, humanas ou biológicas.

UM PARECER DO TEMPO 
Posso parecer menina
Mas meu tempo passa como de um ancião

Um relógio descompassado e ansioso
Como é também meu coração 

Minha alma hoje é repleta de
poucos amores sentidos e de boas viagens vividas 

Apesar disso carrego em mim os estranhos medos Humanos 
A certeza dos futuros não Exatos
E a dúvida da complexa arte Biológica
que é o viver

sábado, 1 de julho de 2017

LÁBIOS DE MANEQUIM

Era bela a estória, mas não teve fim
Como se de um livro página rasgasse
Derradeira cena que não se filmasse
Ou se arrancasse as cordas do bandolim

Antes que a seresta uma voz cantasse
E se batessem as asas de um querubim
Como se apagasse luz de curumim
Ou se o tempo nunca mais passasse

Deixando só o vazio que o olho admirasse
Terra devastada, sem nenhum jardim
Samba que esqueceu o som do tamborim
Um reencontro em que não se abraçasse

Ou nele se beijasse lábios de manequim
Como se um poeta nunca mais amasse
E se a lembrança que o habitasse
Fosse a estória bela que não teve fim


Fábio Roberto