sexta-feira, 28 de setembro de 2012

MALDOSO

Considerava-se Perverso. Tentava ser o pior homem da face da Terra. 
Nunca dormia o sono dos justos. O seu grande sonho era tornar-se o inimigo público número um.
Mas por pior que tentasse ser, não conseguia. Todos gostavam dele e desejavam conhecê-lo, compreendê-lo e ajudá-lo.
Justo ele que queria ser odiado. Queria ser apontado nas ruas como marginal. Queria ver o seu nome nas páginas policiais como bandido perigoso, para que as pessoas fugissem de medo ao avistá-lo.
Maldoso, fazia cara de ruim, mas as crianças o chamavam de “tio” e iam com ele brincar.
Chutava os cachorros que atravessavam o seu caminho, mas eles voltavam com o sorriso no balançar frenético do rabo.
Vagabundeou, mas lhe ofereceram um ótimo emprego.
Roubou e pelo roubado foi perdoado.
Pecou, desejando a mulher do próximo, mas o próximo se ausentou.
Cansado, caiu na realidade e entristeceu.
Chegou a noite e foi se esquecendo em um canto, afundando em seus pensamentos.
Derramou muitas lágrimas pelo seu fracasso.
Enfim, refletiu e arrependeu-se, compreendendo que não nascera para ser mau.
Começaria nova vida mudando seu modo de ser, agir e pensar, agradecendo a todos que o tinham ajudado até aquele momento.
No outro dia, morreu, e sua alma foi arder no inferno.

faroberto

Um comentário:

disse...

Dos melhores contos, romances, textos, poemas, histórias, crônicas, concisas, complexas ou seilaoquês que já li.