terça-feira, 4 de setembro de 2012

BUNDA MOLE


Ele

Mas, que é isto?
Você prometeu, jurou, correu,
Até  pensou
E ainda nada?
O meu amor ali parada me esperando
Para nos esfregarmos, gastura de prazer,
Lambuzar o branco, manchar o imáculo
E, ao final, estrebuchar
Numa mistura de riso e choro
Olha, ela é impaciente, vem outro e logo é crau!
E eu, de cabeça duríssima
Enquanto você dá desculpas,
Nem isto
Bunda mole, vai criar micose ai sentado
Vendo jogo, novela, ou pior,
Dormindo
Enquanto a vida passa, e, olha... passa
Suas filhas, nem na puberdade acompanhou
Será que é cego, míope, vesgo, estrábico?
Bunda mole micosado.
Estragado.
E coitada,meu amor lá
Branquinha, límpida
Ela acha tudo isto um saco
Até pensa em entregar-se até às canetas
Que são do mesmo gênero
E eu, preto, forte,duro, poderoso,
Agora cheio de pó e teias de aranha
A lida te carrega
Bunda mole micosado,

 Enquanto isto, o violão chora

Ela

Aqui deitada, acomodada, descansando
Pelo jeito, eternamente descansando, né ?
Toda branquinha, magra, esfuziante
Uma brasa latente, aguardando meu negão
Que vem sempre duro, forte
Me rasgando toda,
Mas, o Bunda mole não se mexe
Né, Bunda mole?
nem olha para nós
Avarento, desousado, preguiçoso, um velho narigudo
Nem continho, uma frasezinha, um ponto e virgula
Nada
Quem sabe o neném rabisque tudo quando chegar
Me desenhe, tatue, pinte e borde
E faça o que o Bunda Mole se diz incapaz!!!

Conto de Jairo Araujo para a III Mostra Artística Temática da Turma Braba. Tema: Micose.

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