Tecem ao poeta uma colcha de idade
com que enfrentar frio de crepúsculo.
Cobrem-no, talvez por caridade,
mas a colcha pesada faz com que
o poeta contraia cada músculo
e apenas finja que durma e ronque.
E vestem-no com o pijama da idade,
mas o poeta não queria nem a colcha!
E fecha os olhos, por necessidade,
e força as saudades como a cravelhas
pra bem tensionar à memória frouxa,
que é como um violão de cordas velhas.
Recolhe-se então à concha de misantropo,
mais leve que juntos a colcha e o pijama.
Concha que tem em si, como um copo,
tudo de que precisa: ali está sua história
destilada em sonho nos líquidos que ama.
Assim o poeta bebe, não à, mas a sua memória.
Lê
3 comentários:
Lindíssimo!
Covardia, né!
CARALHO!!!! MARAVILHOSO.
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