quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Espelho: aquário


Cada espelho: será um adeus?
Nunca mais é mesma a imagem?
Cada vez eu me vejo a outros eus?
Serão-me, serei-os? Miragem?

Que sou da imagem do espelho?
Parente? E ele, eco de mim? Cópia da mentira
que finjo não ser, mas me assemelho
a outro de mim, que não respira?

Espelho reproduz cheiro, som, como o ar?
Ou é igual despedida, que é anósmica, muda?
E se as sombras são as únicas a pernoitar
no espelho, por que nele a minha não gruda?

É o espelho uma espécie de aquário 
onde os olhos sobrevivem do que podem ver?
Será o espelho o sonho, o imaginário? 
É possível, por muito tempo, fora dele sobreviver?


2 comentários:

Valsa Literária disse...

QUE LINDO! MEU POR DIREITO PARA SER DECLAMADO EM ALTO ESTILO!
E TENHO DITO!

disse...

Eba, pois então já prepare-o para amanhã! Pelo menos uma palhinha!