quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Anedota da frase-ricochete (uma história mal-contada)

''A bolsa estourou!''

Tal frase gerou grande alvoroço no calçadão da Sé, centro da cidade, onde se presenciou uma disparada. 
O moço prestes a se tornar pai enroscou no afobado economista. Viu-se cada qual buscando a direção oposta se debatendo como peixes siameses fisgados por imperceptível anzol, costurados pelo desespero em comum, movimentando as pernas sem sair do lugar, como se exercitassem numa esteira de academia.

"Senhora! A bolsa estourou!"

A alça da bolsa de uma senhora havia estourado, conforme um desocupado embora prestativo rapazinho avisou. Quando perceberam o mal-entendido, acalmaram, sorriram, até se abraçaram. Ufa! 

"Pensei que..." "E eu que..."

E se desvencilhando se acenaram, cada qual para um jamais, a passos lentos. Depois se soube, o moço perdera o nascimento do primogênito e o economista, um valor incalculável nas ações.
O rapazinho, súbito profeta, apenas guardou a língua entre os dentes, satisfeito, como quem guarda uma pistola no coldre. 

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