terça-feira, 23 de abril de 2013

Língua solta

Poeta brabo só escreve coisa braba
Compõe tão brabo quanto escreve coisa braba
Tão brabo até que baba molha barba
Baba à toa com olhar de tua amada

Poeta brabo não tem escrúpulo
Palavra ardente mantém faminto
A carne em sangue embebe o suco
Verdade escrita em vinho tinto

Nunca outrem vindo tão longe escrito
Se de coragem não obscuro
Gritam de longe: Ó Deus, Ó mito!
Escrita certa papiro puro

Se em escrita certa se faz verdade
Em escroto verso se põe ao chão
Maldade ingrata só por vaidade
Briga de galo, rinha de cão

Nunca se espera maldade alheia
De amigo grato, a mão quem dera
Se mal dormida noite em olheira
Em nova cama acalma fera

André