domingo, 1 de setembro de 2013

A perpetração do poema

Todo poema é um crime
- por isso mesmo, sublime - 
que eu investigo e resolvo.

A inspiração se deprime
- talvez por isso eu me anime -
quando eu a prendo de novo.

Sempre escapa da cadeia
qual fosse sangue da veia,
ou como um lagarto do ovo.

Persigo-a quase obssessivo
para prender sem motivo
e sem motivo a absolvo.

São crimes todos poemas,
por isso lhes ponho algemas,
mas num segundo as removo.

É que a inspiração tem lábia
- seja aqui, na China, Arábia -
sempre, sempre me comovo...

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