Olá 2014,
tudo bem? Tá nervoso, né? Eu já passei por isso. Toda essa idade, experiência,
vivência e começar tudo de novo. Dou uma dica. Primeiro tente aprender com quem
é menor do que você. Seja humilde, não importa quem você é, foi, ou será.
Observe a sabedoria das crianças, escute os mais velhos mesmo quando discordar
deles, aja como se fosse um cão. Mas depois se espelhe nos Grandes Mestres. E faça isso para sempre. Certamente você
encurtará essa transição. Tantos te esperam de braços abertos. Muitos depositam
toda esperança em você. Venha com força, mas cauteloso. Seja ousado, mas tenha
bom senso. Qualifique seus 365 dias pela pauta do amor, honestidade, honra e
coragem.
Quem sou eu
para falar isso? Ah, meu amigo 2014, eu também sou um aprendiz passeando pelo espaço
e pelo tempo e desejo a sua melhor sorte. Melhor sorte que a minha. A mim
resta a oração desesperada de quem nunca perderá a fé, aconteça o que
acontecer. Portanto concentre-se em tornar a sua existência de um ano, um mero
e simples ano, no ano mais importante de todos os anos.
Que os 2013
anos anteriores te invejem e que o futuro te imite.
Quando
nasce, o amor não sabe se morrerá de velhice ou de doença. Ou se sobreviverá ao
tempo pela sua verdade e força.
E
quem vive não sabe quando e como morrerá, ou se permanecerá eterno pela saudade
provocada pela obra que irá deixar.
Perfeitos
são o amor e a vida sobrevivendo ao tempo porque se tornaram um só.
Cada
um, isoladamente, pode até brilhar por momentos, mas ambos estarão fadados a
morrer cedo ou tarde.
O
amor porque não existe verdadeiramente e forte separado da vida. E a vida porque
nada significa sem a presença de um intenso amor que provoque saudade.
Lina Bo Bardi pensava ter arquitetado no Masp o maior vão
livre de Sampa. Aí Márcia Salomon e Leandro Henrique esculpiram o busto do Jairo,
cujo nariz...
Cena interpretada na IV Mostra Artística Temática da Turma Braba.
Cast: Renato Murakami (mulher) e Luciana Catarina (homem).
Texto e Trilha: Renato Murakami.
Percebi que
lá o silêncio é o bem mais precioso e a introspecção e a solidão se fazem
reinar.
Como ser
feliz assim?
Solidão é o
sozinho. Felicidade é o com e o junto (conjunto), é ter a companhia de um companheiro
para juntos terem um consenso da vida, é ter o calor do contato.
Sou feliz
por perceber que apesar do meu sangue pertencer ao lado escuro da lua, minha
essência é do lado claro.
Mas sempre
me faz recordar que só conhece a luz quem presenciou o escuro.
Celi
Hirashima
Para a IV
Mostra Artística Temática da Turma Braba
Intimidade é uma coisa louca A gente pensa, matuta, viaja tanto. Mas não pode ficar abrindo por aí vão usar contra você ou você está se menosprezando ou vão fazer um imenso texto no face falando o contrário E quem não entende sua viagem? Vixe! Muitas vezes fui entendida mal. Pior é se desculpar. Ai q piora tudo. Vida louca essa. Tem aquela que acha a outra feia. Tem o outro deus do mundo. Tem de tudo. Tem até eu com vergonha de tudo. Quis mudar. Atitude. talvez visu? Funcionando. Tô aprendendo, mas me liguei que quando relaxo, travo. É o portuga errado e o inglês de lado. E essa data no calendário? Era 4, 3, 2 e nada. Até que no famoso karaokê molhado saiu um pensamento mais baixo. É... é por esse lado! O tempo passando e eu só na prioridade. Me fazendo de autoridade. Agora relaxada dá pra pensar na casa do sarau. Mas um pouco só. Tô só o pó. Quem mandou se acostumar mal? Foi bem aproveitado. De um lado, um bebê aí no outro quarto. Sabia que ia ser assim. Mas tudo tem um fim. Quero rir só de imaginar se alguém é como eu. Um pensamento de mão dada com outro. Acontece com quem? Não precisa nem dizer, deixa tudo aí muito dentro da sua intimidade e coloque pra fora o que achar de melhor! Rosana Cortez Para a IV Mostra Artística Temática da Turma Braba
Não sei por que aconteceu isso
comigo. De repente uma corrida desenfreada de espermatozoides onde eu tive que
bater em um, em outro, em milhões, sem imaginar que acertar o alvo era apenas
uma grande sacanagem. Então sem que eu esperasse estava germinando dentro de um
corpo desconhecido, estranho e descuidado. A dona desse corpo não se preocupava
comigo. Não me alimentava direito, se intoxicava com drogas baratas e ainda
ficava sacolejando em bailes funks. Ouvir dez vezes “levanta a bundinha”e “abre
as perninhas”, feto algum merece né mermão? E eu, espremido naquela barriga
cada vez mais gorda e ao mesmo tempo apertada, tinha que disputar espaço com
gases fétidos porque a dona do corpo só comia merda. Eu rezava para ela soltar
um peido para eu me espalhar um pouco mais naquele espaço nauseabundo. Durava
apenas segundos, pois logo tudo se contraía novamente. O cordão umbilical que
me irrigava só trazia veneno e sofrimento.
Subitamente discussão, briga, barulho.
Quem é o pai sua filha da puta, vagabunda, safada? - perguntou uma voz grave e
violenta. Vai se ferrar seu corno, banana, trouxa - respondeu a voz esganiçada
do corpo que eu habitava. Uma pancada forte me fez sacolejar dentro daquele
receptáculo desprotegido e em seguida mais porradas, bordoadas, chutes. Facadas.
Fiquei tonto e cego quando uma
hemorragia interna no corpo da besta que aconteceria minha mãe quase me afogou.
Sirene de polícia, gritos, tiros. Sirene de ambulância, maca, correria. Uma
agulha enorme com anestesia desfaleceu a anta anti-maternal, mas não me fez
efeito algum. Apesar da intensa dor a minha alma machucada estava totalmente consciente.
A ponto de eu ouvir gente falando... “vamos ter que abortar”. Demorou um tempo
para eu saber que era a mim que se referiam. Descobri mesmo, assim que alguns
instrumentos me dilaceraram rompendo carne e espírito, cortando finalmente os
tênues laços que me ligavam a este mundo podre.
Que sorte. Pra mim, nascer seria um
equívoco.
Fábio Roberto
Para a IV Mostra Artística Temática
da Turma Braba
Caroline Barbosa
(Para a IV Mostra Artística Temática da Turma Braba)
Com Leandro Henrique ao violão em João e Maria ( Sivuca e C. Buarque) e Bachianinha (P.Nogueira)
Mostra Artística dá uma coisa na gente. É um formigamento na
alma.
Atentos aos sinais, qualquer movimento nos alerta. Tudo se
transforma, pode ser, será?
Parece que ficamos mais antenados, ligados em 220v, sonhos
são praticamente reais, realidade é
muito mais suave.
Dá um nervoso de roer unhas, puxar os cabelos, andar pra lá
e pra cá pensando no que fazer, no que criar, como transmitir. Há um medo e uma
vontade incontrolável de se apresentar.
Frio na barriga, dor de barriga, fome, sede, tesão,
vibração.
É a vida na essência da vida e a arte pura, sem compromisso
que não seja com a própria arte.
Ninguém passa incólume a esses sentimentos tão intensos que
resultam em prazer.
No fim tudo passa muito rápido como tudo que é eterno.
Mostra Artística dá uma coisa... Eu começo a me coçar toda
sem parar.
Se a ideia não vem, coço a cabeça. Se a ideia vem, coço o
papel.
Dá coceira em quase tudo, quase... Puta sacanagem! Só não
deixa ninguém ficar parado, coçando o saco.
Assim é a Mostra Artística.
Márcia Salomon, Fábio Roberto e Leandro Henrique
(Para a IV Mostra Artística Temática da Turma Braba)
Obs.: fica registrada a performance da Márcia antes da
apresentação, o que fez com que algumas pessoas sentissem muita coceira e
outras tivessem alucinações com pulgas!
Zero pela definição do dicionário: Algarismo sem valor
absoluto, nada, pessoa ou coisa sem valor...
Na história existem evidências da existência do número zero
há mais de 3.700 anos...
Zero indica a presença da ausência...
Cheguei à conclusão que o zero é a verdadeira origem da
angústia humana...
No momento em que criamos uma representação cujo significado
é não possuir algo, criamos uma insatisfação, um incômodo, uma infelicidade, um
desespero...
Criamos a forma de representar o vazio...
Será que antes de existir uma forma de registrar que não
temos algo sentíamos falta das coisas que não temos?
Tento imaginar como seria a vida sem este número...
Aliás, parece que nem a ciência sabe como lidar com o
zero...
Lembrei-me das aulas de matemática... Perdidas em algum
lugar, nas memórias de meu passado...
Memórias não tão agradáveis das broncas da sempre zangada
professora Raquel...
Acredito que como lecionava matemática, ela tinha
consciência da infelicidade que é conhecer o número zero... Hoje consigo
enxergar isto...
Zero não é positivo nem negativo... Zero não é um número
primo tampouco um número composto... Não se pode dividir por zero... É
impossível...
Pensei também no azar dos que frequentam cassinos...
Este é mais um lugar onde o zero mostra seu lado sombrio...
Os números da roleta são pretos ou vermelhos... Com exceção
do zero... Que é verde...
Se todos os números são pretos ou vermelhos, porque o zero é
diferente?
Além da cor diferente, o sempre onipotente zero representa o
infortúnio a todos aqueles que estiverem na mesa...
Todos perdem graças ao zero...
Quanto mais eu penso neste número mais fundo eu mergulho em
um mar infelicidade...
Um zero para representar cada coisa que não possuo...
Um zero para representar cada coisa que perdi...
Minha cabeça dói...
Preciso me livrar deste pensamento...
Deste peso... Desta dor...
Preciso de uma garrafa de vinho...
Vou me embriagar para esquecer deste encontro filosófico com
o número zero...
Ah, se fosse assim tão simples...
Meu encontro com o número zero estava apenas começando...
Chego ao armário onde guardo minhas garrafas, ansioso por
meu encontro com o anestésico que irá me levar para longe deste universo...
Que decepção...
Tenho exatamente zero garrafas de vinho...
Olho para o relógio...
00:00 horas...
A esta hora, a chance de encontrar uma loja aberta próxima a
minha casa é zero...
E ainda que houvesse uma loja aberta, tenho exatamente R$
0,00...
Como a própria representação gráfica do número zero, uma
elipse, fechada... Uma vez dentro desta realidade, não há como escapar...
Maldito número zero...
EduardoMontenegro
(Para a IV Mostra Artística Temática da Turma Braba)
Cast: Renato Murakami, Márcia Salomon, Jairo Araujo e André Aguirra
Participações Especiais: Baden e Bruna
Roteiro, Produção, Filmagem, Som, Edição e Direção: Leandro Henrique e Fábio Roberto
Muito Bem. Agora que já passou a IV Mostra Artística Leandro e Eu podemos continuar a escrever, o André pode continuar a escrever depois da vigésima provocação e o Jairo pode simplesmente continuar a não escrever provocado ou não.
No fundo da moça existe um poço onde existirá outra moça de quem possivelmente e de cujo a se formar outro poço outra moça existir possa, isso caso o do a-existir-moço futuro passo pise a poça. E será assim ininterruptamente até que não haja mais a possibilidade de subir. Lê
Faltou um pouco. Muito perto. Era tão próximo e era quase.
Não sei se o eterno pode ser efêmero. Não sei se o quase pode ser pra sempre. Quem
sabe o tempo se saiba.