sábado, 2 de novembro de 2013

Torpedo



De sol o casco racha e rompe o solo seco
Lomba baixa e perna fina ágil porém
Se não se ágil de lado a pexera roça
E arrocha a vontade de correr
Pexera essa que de frente enfrenta cangaço
Que embainha cinturão famoso
Famoso é meu amo
Carrego a morte onde a boca manda
Sorte é obedecer em direção do nada

 Torpedo é forte, Torpedo aguenta

Pra direita vejo o Gatilho
Pangaré coxo da coxa
Culpada lance de foice
Não se deve nem dar coice
Gatilho logo vai, digo, foi-se

Torpedo é forte, Torpedo aguenta
           
Em mais um dia jornada nada
Buscando cabeça jurada à morte
Em alto penhasco avisto com sorte
Um cheiro carnal vindo ao sul e outro norte
Temido meu amo temida emboscada

Torpedo é rápido, Torpedo corre!

De dez jagunços gritam: Morre!
Mal criado desobedece a ordem
Esconderijo em judiado cacto
Percebe é seu todo esse sangue escorre
 Culpa o Diabo que desfez o pacto

E desse solo que em anos não se molha
Folha seca delicia um só gole
Suspiro último não se assusta com que olha
Pulmão vazio apertado feito fole

Torpedo é forte, Torpedo aguenta...


André


(Para a IV Mostra Artística Temática da Turma Braba)