A criança que há em mim já está velha
Está um tanto enferrujada, soterrada
Desbotada, desbocada, abandonada
A criança que há em mim é uma pentelha
Sobrancelha franzida, cara fechada
Maleducada, malagradecida, mimada *
Já nem lhe dou bola, quanto mais raquete!
O ping-pong que jogo hoje é só comigo
A criança que há em mim vai de castigo
Já nem lhe dou uma trela, quanto mais sete!
Essa criança em mim é um ser tão antigo
Que ainda pende um cordão de seu umbigo
Na verdade, não mais lamento pela criança
Que há em mim e não mais fede nem cheira **
Apenas sinto falta daquela brincadeira...
No entanto vejo, enquanto idade avança,
O velho que há em mim crescer por osmose
E é pra ele que vou dedicar esse dia doze.
Lê
* Eu era uma criança chata, anti-social, insuportável.
** Não gostava de tomar banho.
Um comentário:
Como falou Edu Gomes, Leandro é um jovem de alma muito antiga. Mas sempre uma criança pentelha e arteira!
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