sábado, 1 de julho de 2017

LÁBIOS DE MANEQUIM

Era bela a estória, mas não teve fim
Como se de um livro página rasgasse
Derradeira cena que não se filmasse
Ou se arrancasse as cordas do bandolim

Antes que a seresta uma voz cantasse
E se batessem as asas de um querubim
Como se apagasse luz de curumim
Ou se o tempo nunca mais passasse

Deixando só o vazio que o olho admirasse
Terra devastada, sem nenhum jardim
Samba que esqueceu o som do tamborim
Um reencontro em que não se abraçasse

Ou nele se beijasse lábios de manequim
Como se um poeta nunca mais amasse
E se a lembrança que o habitasse
Fosse a estória bela que não teve fim


Fábio Roberto

2 comentários:

Nadine Granad disse...

Belíssimos versos!...
Li de um poeta sobre não existir ponto final, vírgulas, reticências... Que o fim seja uma exclamação de alegria, que sejam lábios que mereçam a imortalização pelo nanquim!

Beijos! =)

Fábio Roberto disse...

Que assim seja! Valeu!