Hoje
pensei tanto na minha Morte que a estou beijando nos lábios molhados, carnudos
e gelados.
A
minha língua invade agressivamente a sua boca e o meu calor prevalece sobre o
seu hálito devastador e petrificante. Que delícia sentir a sua salgada saliva
misturar-se com a minha.
Que
sabor austero e enfeitiçador tem a Morte.
Ela
almeja dominar-me com sua volúpia, sugando-me pra dentro dela com o desejo de
me aprisionar.
E
eu permito que o faça porque está tão agradável e acolhedor ela bebendo toda a
minha vitalidade, a completa energia da minha vida ora profícua ora inválida.
Só que eu preciso e estou muito mais sedento de veneno do que a Morte.
Só que eu preciso e estou muito mais sedento de veneno do que a Morte.
Eu
a abraço forte e a faço sufocar.
Ela
e só ela pode compartilhar tamanho prazer ausente de ar, sobrevivendo através
deste ósculo doentio e insano que nos leva além de qualquer êxtase já
experimentado por vivo ou morto.
Então afasto levemente os meus lábios dos lábios da Morte, agora molhados, carnudos e ferventes.
Então afasto levemente os meus lábios dos lábios da Morte, agora molhados, carnudos e ferventes.
Permanecemos
assim por muito tempo, com os rostos colados, absorvendo a brisa aquentada que
exalamos.
Não
sei quanto tempo, talvez uma eternidade.
Ou eu estou morto ou a Morte está viva!
Não sei se quero descobrir.
Ou eu estou morto ou a Morte está viva!
Não sei se quero descobrir.
Fábio
Roberto
(2008 ou hoje)
(2008 ou hoje)
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