quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

ONOMÁSTICO


Até onde pode um nome?
Até onde pode ir?
E se eu então sumir,
ele também some?

Até onde um nome pode,
se onde é até onde mil vão?
Apelidos, mil xarás
têm igual o nome ao meu.

Leandro, portanto, não sou eu.
O nome que tenho
– menos do que eu –
é uma espécie de porteiro
a quem um visitante
indesejado
exige em tais termos:

– Favor o dono da casa.

O porteiro estará instruído a retrucar:

– Não mora mais aqui quem
aliás
jamais morou.

A casa é dona de si própria.
Leandro é leandro,
não eu. Mas...
Sem ele sou nu.
Sem ele, sou tu?!

Um nome, espécie 
de cordinha presa à alma 
pela qual nos puxam 
para fora de nós.

Um nome, casca de fruto, 
sem fruto dentro.

Mas sem ele 
me pareço com silêncio,
me pareço com surdez.
Me inacessibilizo, 
me inalcançabilizo.

Então me afasto,
dispo-me dele agora.
Cuspo fora
meu nome.

Vocês que me chamem,
porque eu não me chamo.

Um comentário:

Fábio Roberto disse...

Tá certo. Então te chamarei pelo apelido de todas as vidas, Lê.