segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Presa

Tudo o que escrevo é o que de mim me desfaço:
feito pétala, casca, pele, a emoção se desmancha.
O que sinto – repuxa em mim tal como se engancha
no bicho o anzol, o arame, o arpão – num abraço.

Porque quando se afasta de mim leva um pedaço
e deixa em mim a cicatriz, o corte, a mancha.
Assim escrevo, portanto: como quem preenche,
não um formulário, mas dentro de si um espaço.

Um comentário:

Fábio Roberto disse...

Lindo e profundo como sempre. Inspirador!