domingo, 27 de janeiro de 2013

CRÔNICA SEM REGRAS


Abri um livro de gramática para atualizar uma regra de vírgulas, sempre odiei e errei o uso da vírgula, e num dos exemplos de ponto-e-vírgula, deparei-me com uma frase de Rubem Braga que se tornou o mote desta crônica. Ei-la: “Essas coisas me fazem lembrar outras, também ásperas e tristes; estou num dia de lembranças ruins. Quando vejo moços a falar do tédio da vida, tenho inveja; nós nunca tivemos tempo para sentir tédio.”.
Das várias definições para tédio que conheço, nenhuma consegue dar conta da sensação que eu sinto. Uns apontam como o cansaço da alma, aborrecimentos e melancolias, falta do quê fazer, sentimento de vazio interior, e, diga-se, tudo sem a menor explicação. Muitas das vezes o tédio, assim como chega, sai.
Minha relação, com o tédio, beira a loucura. Faço tantas coisas que, quando sinto o desejo do ócio, paradoxalmente, ele transforma-se em vazio aborrecimento. Machado de Assis dizia: “Matamos o tempo, ele nos enterra”, mas, todos eles tinham, muito mais tempo que eu. Queria poder matar o tempo sem gerar tanta culpa; deitar sem nada para fazer e não sentir tédio por isso.
O problema está nas definições. Todas elas não dão conta da complexidade do assunto e são incapazes de definir meu estado de espírito. Se para Machado não há o ócio e para Braga não existe o tédio, ambos caminham na minha vida em uma estrada circular e contínua...

Será que usei certa a regra da vírgula?

 

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