Abri um livro de gramática para atualizar uma regra de vírgulas, sempre
odiei e errei o uso da vírgula, e num dos exemplos de ponto-e-vírgula,
deparei-me com uma frase de Rubem Braga que se tornou o mote desta crônica.
Ei-la: “Essas coisas me fazem lembrar outras, também ásperas e tristes; estou
num dia de lembranças ruins. Quando vejo moços a falar do tédio da vida, tenho
inveja; nós nunca tivemos tempo para sentir tédio.”.
Das várias definições para tédio que conheço, nenhuma consegue dar
conta da sensação que eu sinto. Uns apontam como o cansaço da alma,
aborrecimentos e melancolias, falta do quê fazer, sentimento de vazio interior,
e, diga-se, tudo sem a menor explicação. Muitas das vezes o tédio, assim como
chega, sai.
Minha relação, com o tédio, beira a loucura. Faço tantas coisas que,
quando sinto o desejo do ócio, paradoxalmente, ele transforma-se em vazio
aborrecimento. Machado de Assis dizia: “Matamos o tempo, ele nos enterra”, mas,
todos eles tinham, muito mais tempo que eu. Queria poder matar o tempo sem
gerar tanta culpa; deitar sem nada para fazer e não sentir tédio por isso.
O problema está nas definições. Todas elas não dão
conta da complexidade do assunto e são incapazes de definir meu estado de
espírito. Se para Machado não há o ócio e para Braga não existe o tédio, ambos
caminham na minha vida em uma estrada circular e contínua...
Será que usei certa a regra da vírgula?
Nenhum comentário:
Postar um comentário