quarta-feira, 20 de junho de 2012

TRADIÇÃO

Não chore a cerveja derramada.
Saiba, ela vai pro Santo.
Espírito que espreita em todo canto,
com a boca sedenta escancarada.

Coitado, o paraíso não tem cerva.
Querem lhe dar só nectar dos deuses,
ao som de líricas berceuses
e ele preferindo uma erva...

Quem mandou ser honesto, sem pecado?
Agora, bar em bar caminha errante,
sóbrio, consciente, inconsolável.

Passos sem futuro, flutuantes.
Prazer eternamente insaciável,
olhos de zumbi, arregalados.

(faroberto)

Um comentário:

disse...

Já consigo imaginar uma caricatura do santo de boca aberta ajoelhado e de mãos contritas esperando um gole!