Voluntário ou não o poema surge na cabeça. Não há porque
temê-lo, só faço escrevê-lo, como se fosse do teatro uma peça, e musicá-lo.
Dentro de mim há intensa vida, e o sentimento não calo, seja chegada, seja
partida, seja pra amada, seja ferida...
BRILHOS TURVOS (musicada em 1979)
A ponta da faca roça meu peito.
Em pensamentos turvos me vejo em novo leito.
Coragem selvagem.
Coragem covarde.
A ponta da lâmina brilha afiada.
Nenhuma voz para dizer pare.
Nenhuma voz para dizer não.
Nenhuma voz brilha.
A ponta da faca covarde.
Pensamentos turvos roçam meu peito.
Coragem afiada.
Pensamentos brilham.
A ponta da lâmina turva.
Nenhuma voz, lâmina selvagem.
Nenhuma voz, peito aberto.
Um brilho turvo cai no leito.
Ouço gritos, brilhos turvos,
gritos histéricos dizendo não.
Ouço gritos, brilhos turvos,
gritos histéricos dizendo não.
Fábio Roberto