domingo, 31 de maio de 2015

Clave de Fá

A tua vida é admirável ao ser lida em partitura.
Respiras compassadamente, ora adagio, ora moderato,
por vezes allegro, outras prestissimo.
Sempre seguindo a batuta ritmada do coração
que teu sangue quente alimenta,
prenunciando belo arranjo orquestral.

Tudo começa ao teu abrir de olhos,  
como que despertando violinos, violoncelos, violas, contrabaixos e harpas, cordas que obedecem cada teu piscar.
As notas se sucedem quando sorris.
Executas um sol para o dia que nasce.
A instrumentação vai crescendo aos movimentos dos teus braços e pernas até que gesticulas as mãos delicadamente, comandando um comovente solo de violoncelo
desenhado em clave de fá.  
Tudo silencia aguardando outras ordens.
Com novos e firmes meneios instigas e aos poucos todos os instrumentos vão se incorporando à voz suave da maestrina.
As madeiras integradas pelas flautas, oboés, clarinetes e fagotes juntam-se ousadamente às sonoridades
dos teclados e cordas.
Súbito balanças os cabelos e a orquestra inteira retorna, agregando também o pulsar forte das percussões
com seus carrilhões de sinos, pratos,  tímbales, xilofone, gongo, triângulo e caixas.
Com a cabeça instruis o apoio do naipe de metais, retumbando trombones, trompetes, trompas e tubas.

Impressionante a harmonia, a música vibrante que tu és.
Como eu queria ser o compositor dessa sinfonia ou um maestro para reger o som escrito em tua pele.

Eu te aplaudiria, mas fico quieto, totalmente emudecido
para continuar ouvindo somente o teu som.

Fábio Roberto 

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