terça-feira, 13 de agosto de 2013

Vesgo (olho no berço, outro na cova...)

Se do esquecimento me livro roerão-me as traças da memória?
E os cupins filhotes mastigarão a mamadeira de minha infância?
Em decrepitude: é no que resultará de crepitar a juventude?
Será que eu, no velho, ou o velho que serei desaparecerá primeiro?
Buscarei meus netos na creche antes que eles a mim no álbum de recordações?
Passará o meu ao seu bisneto essa minha já preocupação bissecular?
O cão a cavar co'a língua minha pele quer roer-me a osteoporose?
A pele enrugar, é de o tempo querer ser água e estarmos nele imersos?
É só ao falar dela, ou a morte, embora calemos, é ainda e mais o assunto?

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