Quando da
happy hour André declina,
é porque
poema novo ele não fez.
Fica parado feito
poste na esquina,
com o tablet
em branco outra vez.
Ele tenta,
tenta e não consegue.
Qualquer frase
soa tosca, desconexa.
Até no
dicionário ele persegue
as palavras,
numa solidão perplexa.
Adormece em
plena hora do batente.
Sonha com o
Jairo gargalhando,
gritando que
ele é incompetente
e até no
sexo parece estar falhando.
O coitado
acorda trêmulo, assustado,
com medo de
não mais fazer um verso.
Poema passa
a ser cheque sustado.
Chora esse
castigo tão perverso.
Alucina e
sai correndo do escritório,
pra impedir
que o documento vá a protesto.
Invadindo a
sala nobre do cartório,
vomita um
kibe, almoço indigesto.
Começa a
recitar feito um insano,
rimando como
fosse João Cabral.
Levita,
pensa ser um aeroplano,
e o internam
como um mero anormal.
Faroberto
Nenhum comentário:
Postar um comentário