sexta-feira, 3 de maio de 2013

ANDRÉ SEM FAZER POEMAS


Quando da happy hour André declina,
é porque poema novo ele não fez.
Fica parado feito poste na esquina,
com o tablet em branco outra vez.

Ele tenta, tenta e não consegue.
Qualquer frase soa tosca, desconexa.
Até no dicionário ele persegue
as palavras, numa solidão perplexa.

Adormece em plena hora do batente.
Sonha com o Jairo gargalhando,
gritando que ele é incompetente
e até no sexo parece estar falhando.

O coitado acorda trêmulo, assustado,
com medo de não mais fazer um verso.
Poema passa a ser cheque sustado.
Chora esse castigo tão perverso.

Alucina e sai correndo do escritório,
pra impedir que o documento vá a protesto.
Invadindo a sala nobre do cartório,
vomita um kibe, almoço indigesto.

Começa a recitar feito um insano,
rimando como fosse João Cabral.
Levita, pensa ser um aeroplano,
e o internam como um mero anormal.


Faroberto

Nenhum comentário: