segunda-feira, 3 de agosto de 2015

FESTA

A minha idade é o tempo daquilo que ainda não fiz.

Já fiz filhos, escrevi livros e músicas,
mas não plantei ou plantarei árvores,
nem com a semente do meu corpo.
Ele será consumido pelo fogo,
pois do fogo leonino vim
e com o fogo leonino voltarei um dia
ao pó da natureza.

Não plantarei árvores
porque não me quero sentir realizado.
Quero desejar sempre algo mais, muito além...
depois do amanhã de quantos anos eu viver.

Tenho pressa, muita ansiedade em despertar antes que cada dia nasça.
E reluto em adormecer
até que seja vencido pelo cansaço.
Medo da morte? Não, a morte é simplesmente
a maior pausa que existe
entre um fechar e abrir de olhos.

Qualquer descanso breve me atrapalha,
pois há muito por produzir.
Há um novo livro em branco para ser preenchido com palavras que agora desconheço
e com algumas seqüências de notas musicais que nunca imaginei.

Há tantos sorrisos para eu provocar com atitudes belas, mãos para eu puxar com força oferecendo a minha coragem, abraços para eu aquecer com minha energia.
Inúmeros olhares para eu provocar brilho com minha emoção, corações para eu acalmar com meu amor. Paixões para eu trazer à tona demonstrando como é maravilhoso respirar e sentir o ar correndo nas veias.

O que eu ainda tenho que agir é quantidade que não se enxerga o fim até a linha do horizonte.
Estou longe, extremamente distante de mim mesmo e do que sonhei para este mundo
nesta vida medida pela idade.

Este é o motivo pelo qual o meu aniversário não mais será comemorado. Estarei trabalhando.
Deixarei a grande festa para o momento em que eu não precisar mais derramar o meu suor.
O instante em que poderei falar que aprendi e fiz algo de importante.

Aí sim a minha idade será o tempo daquilo que fiz.

Fábio Roberto (2008 e agora)

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