A
minha memória é ativa,
dinâmica, esperta, seletiva.
Lembro o que me interessa,
só aquilo que me dá pressa
de viver. E nem te cochicho:
o resto eu jogo no lixo.
É simples, funciona assim:
posso guardar fora de mim?
posso arquivar num pen-drive?
O computador que cave
suas gigantescas lembranças,
sem fazer hora ou lambanças.
Esqueço de fisionomias
caras-de-paus, anemias
de corações repulsivos.
Guardo só os impulsivos
que batem com sinceridade,
mesmo se velhos de idade.
Mas saiba, o melhor da estória
é deletar essa gente escória.
Essas que a nossa amnésia
provocam, só com magnésia
pro estômago não vomitá-las.
Eu prefiro enterrá-las
nos recônditos do mundo,
no escaninho profundo
do completo esquecimento.
Lembro do sentimento
de quem completa a minha frase:
amor inteiro e nunca quase.
fÁBIO rOBERTO
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