terça-feira, 6 de maio de 2014

Poema antigo sempre é novo

O MENINO


Madrugada o meu violão puxou conversa
perguntando, "afinal o que procuras
deixando tantos quadros sem molduras?
Por que a tua vida assim inversa?

Aonde pensas que tu vais com essa pressa?
Da morte não se passa, companheiro.
Viver como se fosse um passageiro?
Pense e diga logo, me confessa.

Conheço a intensidade do que sentes.
São minhas essas cordas que dedilhas
quando a solidão das tuas ilhas,
as tuas rimas tornam evidentes.

Vamos, eu aguardo a tua resposta.
Será que ter amor já não te basta?
Percebes que o futuro assim se afasta,
sem entender a causa da revolta?"

A crueza da mensagem inquiridora,
que em outros tempos nasceria outras linhas,
colou-me os lábios e eu fugi das rinhas.
Mergulhei numa viagem salvadora.

Estou distante deste e de qualquer lugar.
Tenho pressa para o encontro com o destino.
Quero apenas paz, feito um menino
que perdeu o aconchego do seu lar.

Fábio Roberto

Nenhum comentário: