(Tese fictícia-brincadeira escrita em 2009)
E não é que o pessoal está discutindo isso plenos 2014!!....
http://educacao.uol.com.br/noticias/2014/08/20/senado-discute-fim-do-c-ch-e-ss-na-lingua-portuguesa.htm
Tese (Téze)
C - Ç
Observe-se a diferença entre uma e outra. A segunda figura é idêntica à primeira, a não ser por um sinal que a caracteriza, infortunadamente, com um anzol em sua base, o que lhe dá a figura de um prisioneiro. Proponho a abolição da cedilha (ç) na língua “portuguesa”, sinal inteiramente desnecessário conservado em nosso idioma por mania ou burrice mesmo; para ser menos agressivo, talvez desatenção, preguiça, etimologia ou comodismo.
O motivo alegado de sua conservação é que a cedilha diferencia a pronúncia quando colocada antes das vogais A, O e U. Vejamos, pois:
Ca (som de Q) Ce (som de S) Ci (som de S)
Co (som de Q) Cu (som de Q)
Os ditongos Ca, Co e Cu, quando acompanhados da cedilha, Ça, Ço e Çu passam a ser pronunciadas com o som da letra S. Ora, mas então por que não colocar de uma vez a letra S, se o som que se quer é esse e não outro? Para que embaraçar a escrita?
Meditemos no valor real da cedilha, o próprio nome já diz ou nos induz, sinal herdado do castelhano e absorvido por muitos idiomas. Sem tocar na “intenção” da cedilha de teoricamente modificar a pronúncia de algumas palavras dependendo de como forem empregadas as vogais com as consoantes, consideremos antes do som pronunciado a palavra escrita.
Guimarães Rosa, em sua extraordinária literatura, por exemplo, grafava o verbo Dançar de uma outra forma: Dansar. Com razão, observou que a Ç prendia a palavra pelos pés e a contradizia; ora a letra S exprime movimento, totalmente de acordo com o próprio significado da palavra Dansar, dansar!, ao contrário da Ç, Dançar. Ora, se a pronúncia ficará a mesma, por que não darmos mais idoneidade ao significado da palavra realçando-o com leveza e beleza? Dansar!
Dirão uns que a grafia nada tem a ver com o significado da palavra, então lhes responderei que a grafia tem tudo a ver com o significado da palavra. Estamos falando de expressão, vida! Vida...
Proponho aqui a abolição da Ç, e para resolver alguns problemas que possam surgir, vejamos.
Alguns exemplos de alteração, ou talvez melhor, essencialização:
Casar (já que tem mesmo o som de Z) Cazar
Caçar (som de S) Casar
Pesar (som de Z) Pezar
Alçar (som de S) Alsar
Disfarçar (som de S) Disfarsar
Coçar (som de S) Cosar
Proponho também a desvinculação do som de Z da letra S. Basta ao Z os seus próprios Zês. Ao S deixemo-lo em paz com seus Ésses. Cada letra terá seu próprio som.
A é A. B é B. C é C. D é D. E é E. F é F. G é G. H é H. I é I. J é J. L é L. M é M. N é N. O é O. P é P. Q é Q. R é R. S é S. T é T. U é U. V é V. X é X. Z é Z. Por consequência torna-se “desnecessário” também a “geminação” da letra S em palavras como “desnecessário”. “Assim” fique: Desnecesário. (Geminasão, Asim)
Passar (som de S) Pasar
Cessar (som de S) Cesar
Ora, se a minha “intenção” “fosse” obter o som de Z, “assim” o teria escrito, Desnecezário, Pazar, Cezar, então torna-se inútil a “presença” deste outro S. Totalmente desnecesário; pasar, cesar.
Com certeza é difícil disuadir o cérebro a identificar algumas palavras que fomos acostumados a entender de uma forma e de uma hora para outra devemos identificá-la de outro jeito. (ou geito?)
Não é de uma hora para outra, temos toda a vida, a bem da palavra, do amor à palavra, que não deve ser perdido. Amor à palavra, ao sentimento, a tudo que exprime a sensação de estar vivo e não, ainda, morto.
Estão noivos, devem cazar logo.
Ninguém pode casar as onsas-do-mato.
Levados pelo som da múzica, que podem senão dansar?
Não se deve forsar a natureza das coizas.
Se a dor não pasar, pegue um silênsio e ore.
Como consequência de tudo isto, percebemos que algumas letras, que poderíamos chamar de solidárias, emprestam o seu som a outras. Ou estas é que a tomam de roubada, imitando na cara dura. Ou ainda, há aí um caso de hereditariedade. A letra Q, por “exemplo”, é uma filha da letra C. Percebemos também que é imposível de ser uzada sozinha, está sempre acompanhada de sua parceira U. Visualmente é um O com perninha. Não tenho nada contra ela, deixemo-la em paz por enquanto, considero que ela cumpre bem sua funsão.
Agora voltando à letra Z; percebe-se que é uma letra forte, a última do alfabeto, parece que chegou e foi logo impondo a todos de que ela é quem dá a última palavra! No caso, a última letra. Já tínhamos denunciado o caso da letra S, que às vezes era pronunciada com o som de Z, fazendo crer que era na verdade um Z disfarçado. Pois bem, desmascaramos o Z por baixo do S e o desvinculamos.
Agora, outra letra se nos apresenta aos olhos sofrendo do mesmo mal que outrora sofria a letra S. É a letra X, que traz o seu próprio som, original. Há ocorrências de que em alguns casos, e letra X é descaracterizada, e pronunciada como Z. Vê-se que muitas letras sofrem de Zê. Noutros casos, o X acaba saindo com o som de S. Vê-se que a letra X é uma letra fraca ou passiva.
Exemplo: Ezemplo
Exumar: Ezumar
Existir: Ezistir
Ex-mulher: Es-mulher
Extrair: Estrair
Exato: Ezato
Exímio: Ezímio
Exame: Ezame
Expedição: Espedisão
Extração: Estrasão
Tudo isso deve ser loucura, mas que tem sentido, tem. O objetivo desta teze é trazer às prósimas, e por que não dizer à nosa gerasão, um benefísio (não fasilidade) no que diz respeito ao ezersísio da escrita em unidade com a fala. Tudo isso deve ser sentido, mas que tem que ter loucura, tem.